"É uma vantagem, acredito que é. Estou a falar com sinceridade, mas quem vai falar sobre este pacote financeiro é o senhor ministro das Finanças", disse hoje o governador do banco central, à margem de uma cerimónia, em Luanda, sobre literacia financeira em Angola.
Embora sem querer adiantar mais informações sobre os "acordos financeiros feitos na China", que nomeadamente deverão aumentar o financiamento do Governo chinês ao Estado angolano e a entrada de bancos chineses no país, José Pedro de Morais Júnior foi a primeira figura do Estado a pronunciar-se sobre o assunto, fortemente questionado pelos jornalistas.
O Presidente angolano terminou no sábado uma visita oficial de cinco dias à China, a quarta em 27 anos, durante a qual José Eduardo dos Santos esteve acompanhado por nove ministros.
Após as conversações entre Eduardo dos Santos e o homólogo chinês, Xi Jinping, foi anunciado que a China vai ajudar financeiramente Angola a "superar as dificuldades" criadas pela queda do preço do petróleo e consequente "diminuição das receitas". A China recusou no entanto precisar o montante da ajuda, alegando tratar-se de uma "questão confidencial".
Diversas fontes citadas em Luanda por órgãos locais colocaram o montante do novo apoio chinês a Angola entre os 22 mil e os 25 mil milhões de dólares, o que poderia elevar a 40 mil milhões de dólares o financiamento da China desde 2004, essencialmente em troca de petróleo.
Tal como anteriormente vários economistas, igualmente sem informação sobre estes acordos, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, exigiu hoje ao Governo angolano a divulgação pública do teor do novo entendimento com a China.
"O executivo devia dar a conhecer ao país, através da Assembleia Nacional, que é o órgão de soberania mais representativo dos angolanos, os termos dos acordos agora estabelecidos", lê-se no comunicado do secretariado executivo do Comité Permanente da UNITA enviado hoje à Lusa.