Num capítulo de oito páginas, os alunos - por norma com dez anos - recebem noções sobre a luta de libertação, nomeadamente que começou com a organização dos movimentos reivindicativos, primeiro de forma clandestina e, mais tarde, de luta contra o colonialismo português.
O início da luta de libertação é ilustrado com fotografias de guerrilheiros angolanos nas matas, que ajudam também a abordar a questão do nacionalismo, da tomada de consciência da necessidade de uma revolta.
Saídos do primeiro nível de ensino, os alunos ficam a saber que foi em 1575 que o rei “Ngola Kiluanje travou a campanha de ocupação conduzida pelo português Paulo Dias de Novais na colónia de Angola”.
“Desde essa data até à Proclamação da Independência, em 1975, as lutas sucederam-se umas atrás das outras, tornando-se cada vez mais perfeitas – pois os angolanos foram ganhando experiência na luta contra o invasor (no Norte, no Planalto Central, no Leste e Sul de Angola)”, lê-se no manual de história da quinta classe.
Nesse mesmo ano, os alunos tomam conhecimento de como surgiram as primeiras organizações nacionalistas e mais tarde os movimentos libertação, sendo a necessidade do seu aparecimento justificado pelas “duras e severas ” medidas impostas pela administração colonial, com pagamentos de impostos, trabalhos forçados, contratos, entre outros.
Os três principais movimentos de libertação - Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e Frente de Libertação Nacional de Angola (FNLA) – e os seus líderes - Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto – são referenciados no manual como marcos históricos da luta de libertação angolana.
O Massacre da Baixa de Cassanje, o 4 de Fevereiro de 1961, o Levantamento de 15 de Março e o 25 de Abril de 1974 são datas históricas que o manual explica terem contribuído para a independência do “opressor colonial português” a 11 de Novembro de 1975.
“Após o golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, em Portugal, foram reconhecidos os três movimentos de libertação, que lutaram pela independência de Angola, o MPLA, FNLA e UNITA. Esses movimentos começaram a fazer campanhas de sensibilização, preparando o povo para a independência”, concluiu o manual, sobre a iniciação à história de libertação nacional na quinta classe.
Em declarações à agência Lusa, o técnico Vita Gouveia, da área de História do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação (INIDE), responsável pela elaboração dos manuais escolares, explicou que no currículo escolar angolano é na décima classe que a história sobre a luta de libertação de Angola é “um pouco mais aprofundada”.
Nesse ano, o assunto abre com o tema sobre a descolonização dos territórios portugueses, nomeadamente as guerras de libertação e as independências, mais concretamente o caso de Angola.
Segundo Vita Gouveia, na disciplina de história da décima classe, os professores ensinam aos alunos os motivos que levaram à descolonização das colónias portuguesas em África, as principais fases do processo independentista de Angola, a importância da luta de libertação nacional e do papel dos movimentos de libertação nacional.
Adiantou ainda que o manual aborda ainda a resistência de Portugal em conceder as independências das colónias, apesar das pressões da Organização das Nações Unidas, mudando apenas de política e considerando as colónias como províncias ultramarinas.
O manual explica que “o clima de descontentamento foi aumentando e a maioria dos portugueses estavam desiludidos pela interminável guerra colonial”.
“Foi assim que um grupo de capitães começou a preparar um movimento conspirativo contra o regime fascista de Salazar e Caetano, o que veio a acontecer a 25 de Abril de 1974, às zero horas e vinte e nove minutos em Portugal”, conta o manual.