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Fortaleza que viu arrear a última bandeira portuguesa é hoje museu de sucesso

Foi a primeira construção da cidade, chegou a ser ocupada pelos holandeses, viu ser arreada a última bandeira portuguesa em Angola em 1975, mas é como museu que a Fortaleza de São Miguel de Luanda faz hoje sucesso.

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Construída pelos portugueses, com pedra e gesso, substituindo a anterior, de taipa e troncos, a secular fortaleza militar guarda actualmente o espólio de décadas de conflitos no país, entre as guerras colonial e civil, e é hoje apreciada por quase 9000 pessoas por mês, como estudantes e turistas.

A visita guiada ao monumento sobranceiro à cidade de Luanda, que começou a ser construído a 25 de Janeiro de 1576, é normalmente conduzida, em grupos, por Manuel Francisco, tenente-coronel das Forças Armadas Angolanas, de 58 anos, hoje chefe da secção de Educação e Cultura do Museu Nacional de História Militar.

Chegou um ano depois da independência angolana, como soldado, e conhece hoje como poucos a história e as transformações da fortaleza ao longo dos tempos, em que manteve sempre a função de proteger a cidade, o porto e a ilha de Luanda, recorrendo para tal à imponência das dezenas de canhões apontados ao mar, que ainda ostentam o símbolo da coroa portuguesa. “Esta é a minha primeira casa. Passo mais tempo cá do que na minha outra casa”, confessa Manuel Francisco, em entrevista à agência Lusa.

Os militares saíram da fortaleza em 1978, com a sua transformação em museu, que depois das obras de reabilitação inauguradas em 2013 passou a ser o mais visitado do país. A história fez-se também em 1975, ao transformar-se num símbolo do fim do período colonial português em Angola, que se prolongou durante mais de quatro séculos. “A última bandeira colonial foi retirada no mastro aqui na fortaleza, às 00:00 do dia 11 de Novembro de 1975. Simboliza e simbolizou o fim do domínio colonial em Angola”, recorda Manuel Francisco.

As explicações são dadas por entre as visitas ao espólio do museu, como aviões que a Força Aérea Portuguesa deixou para trás, carros de combate, destroços de guerra e outras memórias, como a própria arquitectura e construção, ou todo o tipo de artilharia. Até mesmo estátuas de Dom Afonso Henriques e de Luís de Camões, e mesmo a coleção de azulejos que retracta a história de Angola, outro dos alvos de curiosidade. “Dos museus de Luanda, este é o mais visitado. Temos cerca de sete a nove mil visitantes por mês”, garante Manuel Francisco.

E se a fortaleza assistiu ao arrear da última bandeira portuguesa em Angola, horas antes da proclamação da independência, as obras de reabilitação do monumento, inauguradas em Abril de 2013, permitiram instalar um novo mastro e uma nova bandeira, sendo hoje outro dos motivos de atracção de visitantes.

“É a maior bandeira do continente africano e a quinta maior do mundo. Tem um mastro com 75 metros de altura, pesa 25 mil quilos e a própria bandeira, o tecido, tem 18 metros por 12 e pesa 40 quilos”, explica Manuel Francisco, orgulhoso com os pormenores desta “bandeira-monumento”, vista num raio de vários quilómetros em toda a cidade de Luanda.

Ao longo de quase 450 anos, e além da tradicional função de defesa contra os ataques a Luanda, a Fortaleza de São Miguel foi ainda casa de trânsito para escravos e prisão para políticos. No século XVII, durante oito anos, foi ocupada pelos holandeses, antes de ser novamente conquistada pelos portugueses.

Dada a sua localização estratégica, e sobretudo tendo em conta a defesa área de Luanda, o acesso ao interior do museu é ainda condicionado por militares, mais de uma década depois do fim do conflito armado no país.

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