João Lourenço, que efectuou este fim-de-semana uma visita de Estado à Índia, foi recebido no Palácio Presidencial de Nova Deli (Rashtrapati Bavan, “Casa do Presidente”) pelas duas mais altas figuras do país, a Presidente, Draupadi Murmu, e o primeiro-ministro, Narendra Modi.
No seu discurso na capital indiana, o chefe de Estado realçou a importância da “participação directa de investidores indianos na economia angolana”, que considerou ter um potencial de crescimento apreciável, beneficiando de “um activo relevante” que é a sua população jovem com “capacidade de assimilação de novos conhecimentos” que podem ser colocados ao serviço dos empreendedores indianos.
João Lourenço sublinhou que existe vontade política de concretizar ideias e projectos com benefícios mútuos, sendo fundamental “mobilizar os recursos financeiros necessários”.
Desafiou o governo indiano a criar um fundo de investimento, para estimular os empresários indianos a apostar em Angola, assim como uma linha de crédito à exportação.
A visita de Estado é a primeira de João Lourenço à Índia e ocorre trinta e oito anos depois de o anterior Presidente, José Eduardo dos Santos, ter visitado o país numa altura em que Angola se debatia ainda com a guerra civil que condicionou em larga escala “a concretização de objectivos de desenvolvimento, que se poderiam ter começado a realizar no quadro da cooperação”, assinalou.
“Hoje, as circunstâncias mudaram, temos paz num contexto de democracia que se vai consolidando, o que abre perspectivas de intercâmbio muito mais vastas entre a República de Angola e a Índia, cujo potencial, compartilhado com o que Angola possui, pode ajudar a criar uma base bastante alargada de oportunidades de negócios, de trocas comerciais, de cooperação institucional, de investimentos nas economias dos nossos respectivos países”, prosseguiu o chefe do executivo.
Entre os principais interesses de Angola em matéria de cooperação com a Índia, destacou a agricultura para promover a segurança alimentar, finanças, saúde, defesa, ensino superior, tecnologias de informação, energia, indústria e comércio, recursos minerais, petróleo e gás.
Angola e Índia assinaram durante a visita vários instrumentos jurídicos, que vão permitir a retoma e o reforço da cooperação bilateral após um longo período de estagnação, indicou ainda João Lourenço.
Angola conta com uma comunidade indiana integrada por mais de cinco mil cidadãos, que se dedicam a um grande número de actividades económicas, com realce para a distribuição alimentar.