"O processo de IPO [venda em bolsa do BFA] está a correr muito bem. Acreditamos que o IPO se irá realizar no verão", em Julho, disse João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa de apresentação das contas do primeiro trimestre (lucros de 137 milhões de euros) em Lisboa.
O gestor disse que está a correr bem a preparação da operação que envolve BPI e a Unitel (os dois accionistas do BFA), com uma "capacidade de encontro de ideias e princípios inabalável" entre ambos, mas que ainda não pode falar em interessados na compra pois ainda não foi concluído o preço a que o banco será colocado à venda nem os contactos com investidores.
"Neste momento, não podemos falar em interessados, nem sequer existe valor final, estamos a fechar os últimos pormenores nesse aspecto e o 'road show' [contactos com investidores] ainda não se iniciou", disse.
Actualmente, o BFA é detido em 51,9 por cento pela operadora de telecomunicações estatal Unitel (nacionalizada em 2022, incluindo a participação de Isabel dos Santos) e em 48,1 por cento pelo BPI.
Desde 2017, o BPI tem uma recomendação do Banco Central Europeu (BCE) que o obriga a reduzir a exposição a Angola pois considera que a supervisão angolana não é equivalente à europeia.
João Pedro Oliveira e Costa disse que em Julho será vendido em bolsa 29,75 por cento do BFA, sendo 15 por cento da Unitel e 14,75 por cento do BPI.
O BPI explicou esta Segunda-feira que o BFA está contabilizado a 650 milhões de euros, pelo que a participação de 14,75 por cento equivale a 95 milhões de euros.
Oliveira e Costa disse acreditar que, tendo em conta a avaliação actual do sector bancário, o BPI conseguirá vender os 14,75 por cento do BFA acima do valor a que está contabilizado ('book value').
"Temos a expectativa de que a operação venha a posicionar-se acima do 'book value'. A nossa expectativa é muito positiva, é uma das melhores instituições bancárias do continente africano, com uma estabilidade de resultados importantíssima e reputação elevada", disse Oliveira e Costa.
Caso a venda da posição do BPI se concretize, este ficará com uma participação no BFA de cerca de 33 por cento.
Oliveira e Costa afirmou que esta redução da participação deixará o BCE em "maior conforto", mas também que, de futuro, o BPI poderá reduzir mais a sua participação (através de vendas) se houver interessados.
Mesmo agora, disse, o supervisor "não tem dado sinais de preoucupação", o que atribui quer ao comportamento do banco angolano quer às inciativas do Governo angolano para aproximar as metolodologias de supervisão angolana às europeias.
O presidente do BPI acrescentou que, mesmo com a participação no BFA reduzida a 33 por cento, o BPI manterá no BFA poder de decisão e bloqueio.
Segundo explicou, foi acordado com a Unitel e com o Estado angolano que qualquer alteração de estatutos, de política de dividendos ou de governo não pode ser realizada sem o acordo do BPI.
"Não posso estar num mercado tão distante em que não tenha capacidade de voz", disse Oliveira e Costa, considerando que esta salvaguarda dos direitos do BPI e a sua manutenção como importante accionista do BFS também dará segurança a novos investidores.
A venda de parte do BFA será feita na bolsa de Luanda. "Será a maior operação a realizar na ainda jovem bolsa de Angola, será um desafio, mas entendemos que é dos melhores activos disponíveis para investidores", afirmou.
O BPI divulgou esta Segunda-feora que teve lucros de 137 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, numa subida homóloga de 13 por cento.
O aumento dos lucros deve-se à contabilização dos dividendos do Banco de Fomento Angola (BFA) relativos a 2024, de 46 milhões de euros, uma vez que a margem financeira (a principal receita de um banco, a diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos) caiu 9 por cento para 223 milhões de euros.
Apenas na actividade em Portugal, o lucro caiu 13 por cento em termos homólogos, para 98 milhões de euros.