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PR assegura que “o mesmo empenho na luta contra a corrupção no início do mandato mantém-se”

O Presidente da República, João Lourenço, deixou garantias de que o “mesmo empenho” que imprimiram “na luta contra a corrupção no início” do mandato se mantém, acrescentando que “nada mudou”.

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"O mesmo empenho com que imprimimos na luta contra a corrupção no início do nosso mandato, esse empenho mantém-se. Nada mudou", afirmou o chefe de Estado, em entrevista ao canal France24, citada pelo Jornal de Angola.

Falando a partir de Londres, João Lourenço salientou igualmente que a corrupção "só está a ser combatida agora", acrescentado que houve uma reposição do antigo sistema, uma vez que "o actual sistema é de combate à corrupção".

"Fala em reposição do sistema anterior. O actual sistema é de combate à corrupção. Portanto, diz bem: é mesmo uma reposição! Não é uma continuidade, é uma reposição. Nós repusemos aquilo que era considerado normal, por algo que não era normal na altura, que era combater a corrupção. Nunca se combateu a corrupção!", afirmou João Lourenço, na entrevista ao France24.

E acrescentou: "A corrupção só está a ser combatida agora no meu mandato. Os órgãos de justiça nunca tiveram tanto trabalho a tratar deste tipo de crime específico. Em todos os países há 'n' tipo de crimes, mas os órgãos de justiça em Angola: PGR, os tribunais de todas as categorias, de todos os níveis, nunca se dedicaram tanto a tratar de casos de combate à corrupção como agora no meu mandato".

Reiterou que o "que houve foi, de facto, uma reposição e não uma continuidade", sublinhando ainda que "o novo sistema é combater a corrupção, o antes era promover a corrupção".

Já quando questionado sobre o caso concreto da Isabel dos Santos, o Presidente da República referiu ao France24 que o caso está nas mãos da Interpol: "Em relação a este caso concreto, o assunto está entregue à Interpol. Nós fazemos fé que a Interpol vai cumprir o papel que lhe compete e nós não queremos, em princípio, interferir".

Ainda sobre o facto de a família dos Santos indicar que não se trata de uma investigação, mas sim de uma perseguição política, o Presidente disse que a empresária "tem contas a ajustar perante a justiça e é com a justiça que ela se deve defender". "Costuma-se dizer que 'quem não deve não teme'. Deve responder perante a justiça e alegar o que bem entender na justiça e não na comunicação social", acrescentou.

Na entrevista ao canal France24 – citada pelo Jornal de Angola – o Presidente 'chutou' a resposta à possibilidade de se candidatar a um terceiro mandato para mais perto das próximas eleições, salientando que nada justifica um golpe de Estado.

"Não há razão nenhuma que justifique um golpe de Estado. Absolutamente nenhuma. Portanto, se alguém não está a governar bem, os eleitores devem castigá-lo nas urnas. Aguardar que haja eleições e esse partido político, este candidato que se apresente para governar o país nos anos que se seguem às eleições se não está a governar bem, será penalizado", indicou, reiterando: "Repito e gostaria de sublinhar, que nada justifica, absolutamente nada, nenhum argumento pode surgir a favor da necessidade de se dar um golpe de Estado. No caso concreto de Angola, eu penso que é cedo para se falar no assunto. Acabamos de sair das eleições agora. As próximas serão em 2027. A minha resposta está dada, se calhar podemos falar disso mais lá para 2027".

Questões relacionadas com política externa também fizeram parte da entrevista ao France24, entre as quais o conflito no Sudão, tendo o chefe de Estado dito que estão "todos muito preocupados com a situação que surgiu muito repentinamente no Sudão".

"Aparentemente, tudo parecia estar bem, mas infelizmente, de repente, surgiu esta confrontação militar entre dois generais, um dos quais o general Abdel Fatah, Presidente do Conselho Soberano, com quem falei, estando já aqui em Londres", disse, acrescentando que "a conversa foi boa" e que o general "agradeceu o facto de todos" estarem "preocupados em querer encontrar uma solução negociada para o conflito, que é a única saída".

João Lourenço – na entrevista ao canal France24, citada pelo Jornal de Angola – disse ainda que "ninguém está de braços cruzados" e que estão a ser envidados esforços para se alcançar a paz naquele país.

"Não faltam esforços neste sentido, todos nós estamos a trabalhar arduamente. Ninguém está de braços cruzados. (...) O Sudão é um Estado-membro da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, daí eu ter tido a preocupação de falar com o presidente Abdel Al Fatah", afirmou.

"Sei igualmente que, quer o presidente da Comissão da União Africana, quer o presidente em exercício da União Africana, o Presidente das Comores, todos eles têm-se desdobrado em esforços no sentido de colocar os dois generais em contacto para negociarem a paz. Portanto, não é por falta de vontade e de interesse em ver esta situação resolvida. Este interesse existe, mas a paz também não é algo que se negoceie num dia. Leva o seu tempo, infelizmente", completou, em declarações ao canal France24, citadas pelo Jornal de Angola.

A situação da República Democrática do Congo (RDC) também foi outro dos temas abordados. Sobre esta matéria, João Lourenço afastou a possibilidade de se vir a desencadear uma guerra entre a República Democrática do Congo e o Ruanda: "Penso que isto não vai acontecer, pelo menos no que depender de nós, tudo faremos para evitar que se chegue a esta situação de confronto directo entre os dois países vizinhos, a RDC e o Rwanda", indicou ao France24.

Além disso, condenou igualmente os golpes de Estado, afirmando que África necessita de lutar contra essa tendência: "É óbvio que os golpes de Estado são condenáveis. Não se pode pensar sequer que os africanos estão satisfeitos com esta situação dos golpes de estado que estão a acontecer num número cada vez mais elevado, numa região muito bem identificada, na África Ocidental, onde pelo menos, três países já foram vítimas desse fenómeno: Burkina Faso, Mali e a Guiné. O continente tem de lutar contra esta tendência que parece estar a voltar".

Entre outros assuntos, o conflito na Ucrânia também esteve presente na entrevista. "A posição de Angola neste conflito que opõe a Rússia à Ucrânia é que o mundo deve tudo fazer no sentido de garantir, respeitar, quer a soberania, quer a integridade territorial dos países. São duas categorias que devem ser consideradas sagradas, uma vez que a Carta das Nações Unidas assim o define. O Direito Internacional define que a independência, a soberania e a integridade territorial dos países devem ser respeitadas", afirmou João Lourenço, acrescentando: "No caso desse conflito, é evidente que a soberania e a integridade territorial da Ucrânia foi violentada, não foi respeitada pelo país vizinho, que é a Rússia e nós não podemos estar de acordo com isso".

Na entrevista ao canal France24, o chefe de Estado considerou ainda que "o mundo todo está a pagar as consequências desta guerra", visto que este conflito "provocou várias crises".

"Uma crise de segurança, uma crise humanitária, crise financeira, crise alimentar e crise energética. Portanto, uma sucessão de crises que não se limitam às fronteiras da Europa. O mundo todo está a sentir, de forma dura, as consequências desta guerra", indicou, adicionando que isso é uma "das razões por que todos apelem para que se chegue a um cessar-fogo o mais rápido possível".

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