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Musseques alojam em média seis pessoas em duas divisões

Um estudo sobre o impacto da covid-19 nos assentamentos informais (musseques) de Angola confirmou uma "elevada densidade populacional" nos centros urbanos, com residências médias de dois quartos a alojarem seis pessoas, foi divulgado.

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Os resultados preliminares do "Inquérito Socioeconómico sobre o Impacto da covid-19 nos Assentamentos Informais de Angola", realizado pela organização não-governamental Development Workshop (DW) Angola, entre Junho e Novembro de 2020, foram apresentados em Luanda.

Caracterização do agregado e do domicílio, emprego e rendimento da família, conhecimento das famílias sobre a covid-19 e questões sanitárias constituem os quatro eixos da pesquisa baseada num inquérito telefónico a 1648 pessoas nas províncias de Luanda, Huambo, Uíje e Benguela.

Segundo o estudo, nos musseques de Angola as residências de dois quartos alojam em média seis pessoas, sendo que a província do Huambo "tem uma densidade habitacional significativamente maior, ou seja, com uma taxa mais elevada em relação à capital".

"Estamos a falar de mais ou menos 7,6 pessoas a viverem, em média, sob o mesmo teto ao mesmo tempo, o que tem a ver, se calhar, com as taxas da natalidade", afirmou João Domingos, gestor de governação urbana e pesquisa da DW Angola, durante a apresentação da pesquisa.

As restantes províncias descritas no inquérito apresentam uma taxa média de seis pessoas por residências.

Em relação ao acesso à água, o estudo refere que apenas um terço dos participantes na pesquisa tem uma ligação domiciliar à rede pública de água e destes "quase metade estão na capital do país e os restantes compram água em cisternas".

A grande maioria, 90 por cento dos agregados, utiliza uma sanita para satisfazer as suas necessidades. Um terço (33 por cento) refere o estudo, "tem sanita com ligação ao esgoto público".

O estudo observa que a pandemia teve um impacto negativo no rendimento dos agregados "com 60 por cento a reconheceram a redução acentuada dos seus rendimentos".

"Um outro elemento é a segurança alimentar, uma vez que mais de metade dos que foram entrevistados relataram ter lutado para pôr comida na mesa, em 2020", assinalou o responsável da DW Angola.

No capítulo da empregabilidade, realça o estudo, a "maioria trabalha por conta própria (provavelmente no mercado informal)". Apenas 3 por cento perderam o emprego durante a pandemia, aponta.

O "conhecimento" das medidas de prevenção contra a covid-19 nos assentamentos informais "é bastante alto" e 93 por cento dos inquiridos reconhece que a melhor medida de prevenção "é o chamado distanciamento social e lavar sempre as mãos com água e sabão".

Apesar do conhecimento sobre as medidas de prevenção, diz a pesquisa, a "desinformação sobre a pandemia está presente nos agregados".

No universo da população inquirida, "apenas 1,3 por cento dos agregados registaram um caso da covid-19 e 2,6 por cento dos agregados tiveram mortes com sintomas da covid-19".

A malária (21 por cento), a hipertensão (13 por cento) e a asma (3 por cento) são as doenças mais frequentes a nível das habitações dos assentamentos.

A melhoria do acesso à água e saneamento, distribuição da ajuda alimentar e monetária no curto prazo, encorajar a criação de emprego sustentáveis, a formalização progressiva do mercado informal, expandir a testagem e vacinação contra a covid-19 estão entre as recomendações da pesquisa.

O estudo, apresentando durante um 'workshop' de lançamento do Programa Participativo de Melhorias dos Assentamentos Informais (PSUP, na sigla em inglês) em Angola, contou com o apoio da União Europeia (UE) e do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat).

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