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Francisca Van Dunem aceitou integrar Governo português por “quebrar lógica de exclusão”

A ministra da Justiça portuguesa, nascida em Luanda, recordou que uma das razões que a levou a aceitar o convite para integrar o Governo, em 2015, foi o facto de a actual solução governativa "quebrar uma lógica de exclusão".

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"A formação do Governo com este suporte parlamentar quebrava uma lógica de exclusão", recordou Francisca van Dunem, durante uma aula aberta à população, no Algarve, sublinhando que o seu ADN é "incompatível com discriminações". 

Falando na abertura do 4.º Festival Literário Internacional de Querença (FLIQ), que decorreu naquela aldeia do concelho de Loulé até Domingo, a governante revelou ainda que aceitou o convite por confiar "nas qualidades e na absoluta integridade" de quem a convidou. 

Durante a aula, que decorreu num espaço aberto daquela aldeia do interior algarvio, Francisca van Dunem recordou também a sua infância, no sul de Angola, e a diferença que sentiu quando a família se mudou para a capital, Luanda, "cidade que cheirava a medo". 

A mudança deu-se numa altura em que eclodia um conflito armado em Angola, o que fez com que andar na rua, fortemente patrulhada por milícias, sobretudo para os homens, se tivesse tornado "num ritual de encontro com o risco".

Na sequência daquilo a que assistiu e que viveu com cerca de 10 anos, a actual ministra da Justiça decidiu que queria tornar-se advogada, inspirada em personagens de ficção, mas, sobretudo, por considerar que a advocacia "era um lugar de integridade e coragem".

"Eu cresci muito depressa, a conspirar para que um dia a justiça fosse igual para todos", revelou, acrescentando que a permanente ausência de justiça se tinha tornado "intolerável".

Francisca van Dunem recordou ainda a sua ida para Lisboa, para estudar Direito, na década de 1970, poucos meses antes do 25 de Abril, e a sua carreira de 36 anos enquanto magistrada do Ministério Público.

A aula livre assinalou os 30 anos da iniciativa “Estudos Gerais Livres” (EGL), promovida pelo filósofo Agostinho da Silva e pelo antropólogo Manuel Viegas Guerreiro, patrono da fundação com o mesmo nome que organiza o festival.

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