Fábio Kanczuk, um dos 10 directores executivos de uma missão oficial do Banco Mundial que iniciou esta Quinta-feira uma visita de trabalho de três dias a Angola, referiu que a missão ficou "bem impressionada" com a "convicção e precisão" de Angola nas reformas em curso, nomeadamente as ligadas ao setor macroeconómico.
O responsável do BM falava aos jornalistas após ter sido recebido pelo ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Munes Júnior. "Há também [as reformas] na liberalização da moeda, no ajuste fiscal, nas privatizações, no relançamento do setor privado, na melhoria regulatória, na maior liberdade de imprensa, no combate à corrupção e na melhoria dos processos ligados à competitividade. São diversos tópicos sobre esse relançamento do país que o BM não tem dúvida de que são as políticas económicas corretas e que vão dar certo", disse.
Segundo Fábio Kanczuk, o BM tem disponibilizados projectos em Angola no valor de 1200 milhões de dólares e está aberto para "qualquer interacção em muitas áreas distintas".
"Seja no aumento de produtividade na agricultura, seja em auxílio ao relançamento do sector privado, seja em estudos com o Instituto Nacional de Estatística [INE]. Não há um limite máximo de quanto o Banco Mundial pode ajudar Angola. Estamos completamente abertos para ajudar a fazer o melhor possível", frisou.
O responsável do Banco Mundial lembrou que a instituição trabalha com Angola numa "relação de parceria" em que não há um valor específico para apoiar projectos, que são individuais e que vão sendo criados.
Fábio Kanczuk realçou projectos na agricultura, água e saneamento, hidroelectricidade, formação profissional e "em quase todas as facetas imagináveis da economia".
"[Angola] está num momento de inflexão e as suas ideias [para as reformas em curso] são as mais corretas possíveis. Isso vai resultar numa melhoria da qualidade de vida para a população de Angola. As coisas não são instantâneas e vão ocorrendo aos poucos. A população vai percebendo todo esse ganho de produtividade", referiu.
Questionado pela agência Lusa sobre quais as principais dificuldades que o BM tem observado na economia angolana, Fábio Kanczuk destacou o processo de diversificação da economia, que terá de ter "uma menor dependência do setor petrolífero e uma amplificação de todas as outras áreas económicas".
"Isso não ocorre de forma instantânea, demora alguns anos até acontecer. O principal desafio é esse, ter a perseverança, a serenidade de esperar pelos resultados. Não é fácil, nós sabemos isso, conseguir aguentar esse processo, onde há custos iniciais antes de os benefícios aparecerem", sublinhou.
Sobre o que vai dizer ao Presidente, João Lourenço, que o recebe em audiência, Fábio Kanczuk indicou que os tópicos são os mesmos. "Os tópicos são os mesmos. Vamos mostrar a disponibilidade do BM em ajudar o país e o Presidente da República, mostrar completo apoio, com uma convicção muito grande de que as coisas vão dar certo e que estão no caminho correcto", concluiu.
A missão do BM a Angola, que se prolonga até Sábado, integra 10 dos 25 directores executivos da instituição, que, além dos encontros oficiais, visitarão alguns dos projectos que financia, nomeadamente ligados à água, agricultura, saúde e estatísticas, entre outros.