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Ana Dias Lourenço: mulheres são a “alavanca de todas as sociedades”

A primeira-dama, Ana Dias Lourenço, considerou que as mulheres são a "alavanca de todas as sociedades”, defendendo a necessidade de mudar o perfil das africanas para "corrigir distorções históricas" que afectam a inclusão feminina.

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"Na nossa diversidade há um factor comum às mulheres, são a alavanca de todas as sociedades. Por toda a África é evidente que quando uma mulher triunfa toda a comunidade beneficia", disse Ana Dias Lourenço.

A primeira-dama falava este Sábado, na cidade da Praia, como oradora principal do V Diálogo Estratégico, promovido pelo Instituto Pedro Pires para a Liderança, subordinado ao tema "Mulheres e Liderança: Para além dos chavões".

Destacando uma vasta lista de "mulheres inspiradoras" em África, incluindo a primeira mulher presidente em África, a liberiana Ellen Johnson Sirleaf, e a primeira mulher africana a ganhar o Prémio Nobel da Paz, a queniana Wangari Maathai, Ana Lourenço assinalou os progressos alcançados, mas apontou dificuldades que persistem.

"A tendência dominante foi sempre de tentar reduzir a capacidade de as mulheres assumirem cargos de chefia, invocado supostas limitações de ordem biológica", disse, defendendo que tais limitações não devem definir, condicionar ou ofuscar "o progresso significativo que o continente tem vindo a registar em termos de igualdade de género".

A primeira-dama destacou igualmente o crescente número de mulheres à frente de empreendimentos e a "assumirem em pleno e sem complexos o papel de chefes de família", condição que, considerou, precisa de ser "reconhecida e valorizada".

"É do trabalho da mulher que depende muitas vezes a coesão familiar e a edução dos filhos, pois é infelizmente muito comum no continente o abandono e a não assunção dos filhos por parte de muitos pais", sublinhou.

Ana Lourenço enfatizou também o papel das mulheres na mediação e gestão de conflitos e considerou que "só preconceitos enraizados ao longo de séculos de regime patriarcal podem explicar posições retrógradas dos que ainda hoje pretendem retirar às mulheres o direito de competirem em plano de igualdade".

Mas, para Ana Lourenço, a luta das mulheres pela "afirmação e dignificação" não se pode dissociar da "luta de todos os oprimidos". "É necessário que se continuem a criar condições e oportunidades para mudar o perfil das mulheres africanas e assim contribuir para mudanças significativas em toda a estrutura social com vista a corrigir distorções históricas que afectam a inclusão das mulheres em todos os domínios da vida social", sustentou.

À intervenção de Ana Dias Lourenço seguiu-se um painel/debate sobre feminismo, igualdade, maternidade, participação cívica e progressão na carreira com a participação do deputado e presidente da rede de homens contra a violência de género Laço Branco, Clóvis Silva, da administradora da Sociedade Angolana de Ensino Superior, Noelma Viegas D'Abreu e da escritora e jurista Vera Duarte.

O encontro prosseguiu à tarde com a participação da estilista Ângela Brito e da presidente do Comité Olímpico Cabo-Verdiano, Filomena Fortes, que contaram as suas experiências pessoais de "mulheres que inspiram".

Houve ainda uma conversa entre a investigadora Ângela Coutinho e o patrono do instituto e ex-presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, sobre as lideranças femininas nas lutas de libertação em África.

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