A posição consta de uma nota ao mercado do Banco Fomento Angola (BFA), a que a Lusa teve acesso, sublinhando nomeadamente a importância de uma das maturidades da dívida colocada – em moeda estrangeira – ser de 30 anos, o que aconteceu pela primeira vez.
"Trata-se de uma emissão importante para o país, ainda que a um custo relativamente elevado. É necessário notar que, para um país como Angola, assegurar financiamento a um prazo mais largo (como os 30 anos) é um passo importante para estabelecer uma relação mais profunda com os mercados internacionais, e que permitirá ao país ter melhores condições de se apresentar aos investidores", sublinha a nota do BFA.
Na segunda emissão nacional de eurobonds, ou títulos de dívida soberana em moeda estrangeira, Angola colocou a 2 de Maio, no mercado internacional, mais 3000 milhões de dólares, divididos em maturidades de 10 e de 30 anos, com juros acima de 8,2 por cento. As ofertas, mais de 500, por parte de investidores internacionais, chegaram contudo, segundo o Ministério das Finanças, aos 9000 milhões de dólares.
Para os analistas, "igualmente relevante", além do aumento da maturidade, "é a diminuição da dependência de financiamentos bilaterais". "Sendo certo que o financiamento oriundo da China foi importante para o país, garantindo disponibilidade de fundos quando não era fácil a sua obtenção noutras geografias, é igualmente necessário assegurar fontes diversificadas de financiamento, aumentando o poder negocial do país ao requerer fundos no exterior", notam os analistas do BFA.
Ainda assim é sublinhado o facto de a dívida pública estar "em patamares onde começa a ser questionada a sua sustentabilidade", a qual "dependerá sobretudo da acção do Executivo angolano".
"Os investidores expuseram as suas dúvidas sobre essa mesma sustentabilidade, e as respostas das autoridades foram satisfatórias o suficiente para haver procura para este montante agora emitido", refere a nota do BFA ao mercado.
"Ressalve-se que, apesar das taxas elevadas, não consideramos imprudente o endividamento adicional, de facto, este endividamento é necessário. O país endivida-se porque as necessidades de financiamento existem previamente", concluem os analistas do banco.