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Bastidores da guerra e da paz em Angola em novo livro do jornalista António Mateus

Os bastidores da guerra e da paz na Angola pós-independência centram as "estórias" que deram origem a notícias sobre os 30 anos do conflito angolano no novo livro do jornalista português António Mateus, a lançar esta Quinta-feira em Lisboa.

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Numa entrevista à agência Lusa, empresa para a qual trabalhou como também como delegado em Moçambique e na África do Sul entre 1986 e 2003, António Mateus sublinhou que o livro, intitulado "Angola - O Regresso do Fim do Mundo", não narra o acto político da guerra (1975/2002), mas sim o que esteve por traz das notícias.

"É um livro que conta os bastidores da guerra e da paz em Angola ao longo de três décadas do período que eu acompanhei enquanto jornalista. É um livro que, de alguma forma, procura transportar para o mundo lusófono aquilo que aprendi com Nelson Mandela: «só nos conseguimos encontrar no futuro se voltarmos atrás no passado e nos entendermos assim»", sublinhou.

Para o actual jornalista da estação de televisão portuguesa RTP, o livro é "uma espécie de bloco de apontamentos" de um repórter que teve o "privilégio" de acompanhar o conflito angolano do pós-independência e as "sucessivas frustrações do povo que, quando esperava finalmente a paz, voltava a cair outra vez na guerra.

"Tem muitos aspectos anedóticos, muitos aspectos em que se percebe qual é a função real de um jornalista, as atribulações de um jornalista. É um olhar humano sobre situações dramáticas", afirmou, destacando a importância de se pensar que os decisores políticos "também são seres humanos", algo muitas vezes "esquecido" pelos repórteres.

"É um pouco fazer os leitores entender como tantas vezes a guerra acontece, de como tantas vezes por pormenores se encontra a paz ou o contrário. E de como, em situações de sofrimento extremo, muitas vezes se despertam fenómenos de humanismo e de solidariedade humana absolutamente tocantes", realçou o jornalista português

António Mateus, que já publicou vários livros sobre o continente africano, sobretudo relacionados com Nelson Mandela, assegura que a obra relata "três décadas de histórias fantásticas", possibilitadas, disse, pela agência noticiosa portuguesa.

"Toda a minha carreira de jornalista deve-se à Lusa. Sem dúvida. Num ano em que a agência portuguesa de informação assinala três décadas de existência, este é um livro cuja narrativa se confunde com a história da própria Lusa. É um prestar de homenagem, é um obrigado meu, como jornalista", justificou.

António Mateus dedica o livro, publicado pela editora Planeta, a outro jornalista da Lusa, Rui Moreira, falecido a 22 de Abril de 2008, aos 46 anos. "A carreira dele na agência quase se confundiu com a minha", referiu. "Um homem de grande dimensão humana, um grande jornalista, que nos abandonou a todos precocemente e de quem eu tenho muita saudade", salientou o jornalista português, que como delegado da Lusa na África Austral, cobriu os desenvolvimentos das guerras civis em Angola e Moçambique, as negociações da retirada cubana de território angolano, a independência da Namíbia e o fim do apartheid na África do Sul, entre outros temas.

António Mateus, natural de Castelo Branco (interior centro de Portugal), onde nasceu a 11 de Maio de 1960, é autor de vários livros relativos a essas experiências - "Selva Urbana" (2007 e publicado pela editora Colibri), "Homens Vestidos de Peles Diferentes" (2008, Ulmeiro), "Mandela - A Construção de um Homem" (2010, Oficina do Livro, edição revista e aumentada em 2013) e "Mandela - Um Rebelde Exemplar" (2013, Planeta).

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