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Identidade e memória em África nos trabalhos finalistas do Prémio Novo Banco Photo

As questões da identidade e da memória individual, tendo como palco a África lusófona, atravessam os trabalhos inéditos dos três finalistas do Prémio Novo Banco Photo 2016, cuja exposição é inaugurada esta Quarta-feira, no Museu Berardo, em Lisboa.

Mónica de Miranda:

Numa visita para jornalistas à exposição dos trabalhos, o director daquela entidade, Pedro Lapa, sublinhou a forte unidade dos trabalhos candidatos ao galardão: os artistas Félix Mula (Moçambique), Mónica de Miranda (Angola) e Pauliana Pimentel (Portugal).

África é o palco dos três trabalhos - de Moçambique a Cabo Verde - que vão estar em exposição ao público e, em junho, será apurado um vencedor do prémio, no valor de 40 mil euros, por um júri internacional.

Félix Mula conta histórias e experiências relacionando objetos e memórias no trabalho "Idas e Voltas", com uma instalação de fotografias, texto, sementes e documentos que registam a história de uma família chinesa que viveu em Moçambique e se mudou para Portugal, depois da independência do país.

O artista, nascido em Maputo, em 1979, mostra os lugares que ficaram como testemunhos do passado, ruínas engolidas pela natureza, memórias de pessoas que ainda ali vivem e contam histórias, a par daqueles que saíram do país, temendo pela sua segurança.

"Para procurar essas memórias do passado, foi mais fácil pedir às pessoas para contarem histórias do que tirar fotos, pois algumas recusavam", relatou.

Mónica de Miranda apresenta uma instalação de fotografia, vídeo e plantas que procura construir uma imagem do contexto histórico de Cabo Verde, a par de fotografias de arquivo de famílias que viveram no arquipélago e acabaram por emigrar.

"Estou bastante interessada na diáspora - o que é viver num lugar, tendo a sua origem num outro - mas com o que hoje chamamos globalização, as fronteiras, ao nível da identidade, estão cada vez mais dissipadas", comentou a artista.

Nascida no Porto, em 1976, Mónica de Miranda, licenciada em artes visuais pela Camberwell College of Arts, em Londres, explora neste novo trabalho a genealogia de famílias que passaram por Cabo Verde.

Pauliana Pimentel retomou um projecto que tinha iniciado no Mindelo, em Cabo Verde, em 2014, quando conheceu uma comunidade de jovens, entre os 17 e os 25 anos, que gostam de se vestir com roupas femininas.

"Falaram-me numa lenda sobre uma pedra que virava gay quem ali se sentava. Fiquei interessada nestes jovens e passei algumas semanas com eles para criar um trabalho com grande proximidade no sentido de conhecer melhor a forma como vivem", contou aos jornalistas sobre a obra que reúne vídeo e fotografias.

Nascida em Lisboa, em 1975, Pauliana Pimentel, artista plástica e fotógrafa independente, recebeu em 2015 o prémio para o melhor trabalho de fotografia da Sociedade Nacional de Belas Artes.

A escolha dos três artistas foi feita por um júri de selecção, representativo do critério geográfico, composto pelo curador David Santos (Portugal), a arquitecta e directora da Beyond Entropy África Paula Nascimento (Angola), e o artista Pompílio Hilário Gemuce (Moçambique).

No ano passado, a artista portuguesa Ângela Ferreira foi a vencedora do Prémio Novo Banco Photo, com a exposição “A Tendency to Forget“, sobre a temática do colonialismo.

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