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Banco Mundial prevê Angola a crescer 2,8 por cento com produção petrolífera a cair 2,5 por cento

O Banco Mundial prevê que a economia do país acelere para 2,8 por cento este ano, depois de ter crescido 0,8 por cento em 2023, impulsionada pelo sector não petrolífero, que compensa a quebra de 2,5 por cento da produção petrolífera.

:  Angola Image Bank
Angola Image Bank  

"Em Angola, o crescimento deverá acelerar de 0,8 por cento em 2023 para 2,8 por cento este ano, com a actividade económica a ser principalmente alicerçada no sector não petrolífero, ao passo que a produção de petróleo deverá cair para 2,5 por cento em 2024 devido à falta de investimentos e à maturação dos poços", lê-se no relatório Pulsar de África.

No relatório divulgado esta Segunda-feira em Washington, com o título "Combater a desigualdade para revitalizar o crescimento e reduzir a pobreza em África", o gabinete do economista-chefe para África, Andrew Dabalen, alerta que "as pressões inflacionistas deverão manter-se em 2024, ainda que devam reduzir-se no final do ano".

No documento apresentado esta Segunda-feira no âmbito dos Encontros da Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, de 15 a 20 de Abril, refere-se que a recuperação de Angola é a quarta mais rápida, com dois pontos percentuais (p.p.), atrás do Níger (5,7 p.p.), Senegal (3.4 p.p.) e São Tomé e Príncipe, que aumenta o crescimento deste ano em 2,9 pontos percentuais face a 2023.

O relatório do Banco Mundial sobre a África subsaariana aponta para um enfraquecimento generalizado das moedas nacionais no ano passado, com Angola, Malaui e Sudão do Sul a serem os países em que a moeda nacional teve o pior desempenho, numa lista liderada pela Nigéria, cuja naira desvalorizou 50 por cento face ao dólar em 2023.

"O enfraquecimento da naira seguiu-se à progressiva liberalização da taxa de câmbio desde Junho", aponta-se no relatório, no qual se explica que "em Angola, a decisão do banco central de deixar de defender a moeda num contexto de preços e produção do petróleo baixos, e aumento dos pagamentos da dívida contribui para a depreciação do ano passado", quando o kwanza desvalorizou cerca de 60 por cento.

No total da região, o Banco Mundial prevê que as economias da África subsaariana recuperem para 3,4 por cento este ano e 3,8 por cento em 2025, impulsionadas pelo consumo privado, num contexto de falta de liquidez dos governos da região.

"Depois de bater no fundo em 2023, com um crescimento de 2,6 por cento, o crescimento económico na África subsaariana deverá chegar aos 3,4 por cento este ano e 3,8 por cento em 2025, com a recuperação assente principalmente no aumento do consumo privado, que beneficia da queda da inflação, impulsionando o poder de compra das famílias", afirmou.

No relatório, o gabinete do economista-chefe para África no Banco Mundial mostra-se ainda preocupado com os níveis de elevada dívida pública nos países da região, que dificulta o investimento em sectores essenciais para relançar o desenvolvimento económico.

Apesar de o rácio da dívida sobre o PIB dever cair de 61 por cento em 2023 para 57 por cento este ano, o mais preocupante é que mesmo esta redução não chega para aliviar as contas públicas das economias da região, com metade dos países africanos "a terem problemas de liquidez externa, a enfrentarem fardos insustentáveis de dívida ou estando activamente à procura de reestruturar as suas dívidas".

Os pagamentos de dívida pública dispararam na região devido à exposição ao financiamento comercial a empréstimos de governos que não pertencem ao Clube de Paris, o credor tradicional dos países africanos, mas que perdeu importância face ao envolvimento da China na vida financeira em África.

"O financiamento externo está mais caro do que estava antes da pandemia, apesar de as taxas de juro terem caído gradualmente face ao pico atingido em Maio de 2023", lê-se no relatório, que exemplifica que os novos 'Eurobonds' (dívida comercial em moeda estrangeira) emitidos pelo Quénia em Fevereiro comportam uma taxa de juro anual de 9,75 por cento, face aos 6,87 por cento exigidos anualmente pelos investidores num financiamento que termina este ano.

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