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Parlamento aprova na generalidade proposta de Lei do Código de Processo do Trabalho

O parlamento aprovou esta Quinta-feira, na generalidade, a proposta de Lei do Código de Processo do Trabalho, instrumento jurídico que aglutina as normas do processo laboral dispersas, referiu o ministro da Justiça.

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Segundo Marcy Lopes, o processo de trabalho está disperso em cinco diplomas legais, que causam "inúmeras dificuldades para o interprete da lei e os operadores de direito na fase de avaliação dos processos que têm em mãos, bem como de uma apreciação harmoniosa de aplicação legislativa de todos os diplomas que devem usar para a sua actividade de protecção dos direitos laborais e decisão de eventuais processos".

"Há assim a necessidade de unificação e sistematização das várias normas avulsas sobre direito processual de trabalho, todas elas contribuindo para uma melhor busca por certeza e segurança jurídicas", disse.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos apontou como uma das principais linhas de reforma a alteração do regime de patrocínio judiciário, com a introdução da não obrigatoriedade de constituição de advogado pelas partes, as quais passam a ter à disposição um leque variado de opções para a concretização do direito à defesa em juízo.

"Por último a uma melhor definição dos prazos de caducidade de direito de acção, visando em última instância diminuir os prazos para a resolução dos conflitos de trabalho, privilegiando a paz social", frisou.

Na resposta às preocupações levantadas pelos deputados, Marcy Lopes esclareceu relativamente às dificuldades de acesso á justiça, que hoje a consciência jurídica dos angolanos "é notória, teve um crescimento claramente visível".

"E é apenas por esta razão que hoje nós temos muitos conflitos de natureza laboral a correr nos tribunais e este número é significativo e uma amostra do nível de consciência dos trabalhadores em relação aos direitos que possuem contra os empregadores e direitos decorrentes da relação laboral que estabelecem entre si", referiu.

Marcy Lopes realçou também relativamente ao direito à greve, que o diploma considera que "não é um direito absoluto".

"Não se pode compreender qualquer direito fundamental como absoluto a não ser o direito à vida e, mesmo o direito à vida em certas circunstâncias admite limitações como é o caso da legítima defesa. No caso direito à greve, trata-se de um direito fundamental, de primeira legislação, direito fundamental que foram os direitos que deram lugar a outros direitos fundamentais, mas este direito à greve não é um direito absoluto, este direito comporta limitações, condições, requisitos para o seu exercício", disse.

Segundo o ministro, o primeiro requisito é que a greve é colectiva e não individual, "não podendo o presidente ou o director ou secretário-geral de um sindicato decidir iniciar uma greve, por esta razão essa greve ser considerada legítima".

"O que consta deste diploma é que existe um conjunto de regras que devem ser observadas e que em caso de incumprimento o empregador pode lançar mão deste mecanismo para impugnar uma greve que é ilegal", salientou, acrescentando que esta prorrogativa não tem natureza económica, não tem natureza proteccionista ao empregador em relação ao trabalhador.

"Tem natureza de protecção da legalidade para o exercício de um direito constitucionalmente consagrado", destacou.

A proposta de lei foi aprovada com 166 votos a favor, sem votos contra ou abstenções.

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