Ver Angola

Política

Job Capapinha: UNITA foi “maior beneficiária” da paz quando ex-PR perdoou dirigentes “franzinos”

O político do MPLA Job Capapinha disse esta Terça-feira que a UNITA foi a “maior beneficiária” da paz, pela “complacência” do ex-presidente, ou “teriam desaparecido tal como chegaram franzinos das matas”.

:

Job Capapinha, também governador da província do Cuanza Sul, criticou a ausência da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) na marcha pela paz e estabilidade, realizada no âmbito dos 21 anos de paz, a 4 de Abril, e disse que o partido fundado por Jonas Savimbi foi o que "mais se beneficiou da paz".

"Porque se o camarada Presidente José Eduardo dos Santos não quisesse eles [dirigentes da UNITA] tinham desaparecido, tal como chegaram da mata, uns até já estavam a cair sozinhos era só empurrar, não se lembram dessas imagens?", questionou Job Capapinha, citado pela Emissora Católica de Angola.

"São eles que mais se beneficiaram da paz e agora que são chamados a saudar a paz não querem, fugiram, então querem o quê?", perguntou ainda, na sua intervenção na abertura de um seminário dirigido aos quadros da comissão de auditoria e disciplina do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) naquela província.

Capapinha, que é também membro do comité central do MPLA, criticou igualmente a UNITA pelo facto da JURA, braço juvenil dos "maninhos" se ter retirado do Conselho Nacional da Juventude (CNJ).

"Então, se aquilo [CNJ] é uma plataforma de convívio, uma base de discussão democrática, elas estão pela democracia e retiram-se de uma plataforma dessas porquê? Para insinuar a confusão, para indiciar anarquia, está claro, portanto, eles não estão por bem", atirou.

O secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), Nelito Ekuikui, acusou na semana passada, em declarações à Lusa, o MPLA de instrumentalizar o CNJ, motivo que levou a suspender a participação neste órgão.

"Nós estamos a contestar a instrumentalização do Conselho Nacional da Juventude pelo MPLA, particularmente pelo Presidente da República (João Lourenço)", afirmou Nelito Ekuikui.

O líder da JURA considerou que o CNJ "nos últimos anos se desviou da sua missão fundante".

"Significa que o Conselho Nacional da Juventude hoje tornou-se num movimento de mobilização para elevar a imagem do actual Presidente da República e do MPLA, que tem a imagem completamente para baixo", acrescentou.

Angola assinalou, a 4 Abril, 21 anos de paz, em celebração ao Memorando Complementar da Paz assinado no Luena, província do Moxico, a 4 de Abril de 2002, entre o Governo angolano e a UNITA, que ditou o fim das hostilidades.

Em relação à ausência da UNITA, na marcha da paz realizada na cidade do Sumbe, capital do Cuanza Sul, o secretário provincial da UNITA, citado esta Terça-feira pela Rádio Católica angolana, disse que o seu partido não participou do acto porque o desenvolvimento passou pela província.

"No Cuanza Sul, 21 anos de paz, vimos o desenvolvimento a passar por nós, rumo às províncias vizinhas e, como resultado, hoje temos um Cuanza Sul com enormes problemas, basta ver a realidade social da província a partir da sua cidade capital", considerou Armando Manuel Kaquepa.

Para os que promoveram tal marcha, justificou: "Pensamos nós que só estavam a enaltecer os ganhos de outras províncias, que ganharam universidades, estradas, ruas, e ainda com orçamentos gordos para soluções que se impõem, esqueceram-se que vivem numa cidade da poeira e lama".

"Uns que participaram da marcha tiveram que regressar à casa com fome, enquanto outros foram em restaurantes beber vinho que custa 70.000 kwanzas, por isso não pactuamos com essa atitude anti-humana e antipatriótica", atirou o também deputado da UNITA, em resposta a Job Capapinha.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.