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Angola tem três meses para evitar descida do rating

O responsável na Moody’s pelo relatório que colocou o rating de Angola em revisão negativa disse esta Sexta-feira à Lusa que o Governo tem cerca de três meses para evitar uma descida da qualidade do crédito soberano.

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"Durante a revisão do rating, vamos aferir a qualidade da resposta polícia ao choque e a capacidade das autoridades para gerirem dificuldades acrescidas nas finanças públicas e na balança corrente do Governo, num contexto de perdas significativas de receitas relacionadas com o petróleo e uma potencial desvalorização adicional do kwanza", disse o analista Aurelien Mali.

Em entrevista à Lusa a propósito da colocação do rating de Angola em análise para uma provável descida, quando questionado sobre a razão de não seguir as outras duas principais agências de notação financeira, que já desceram o rating nas últimas semanas, o analista explicou que quer avaliar primeiro a resposta do Governo.

"Este período de revisão, que se pode estender para além do período normal dos três meses, vai permitir à Moody's avaliar a credibilidade e a sustentabilidade dos planos do Governo e a sua capacidade de mitigar os impactos dos preços mais baixos no contexto da análise da qualidade do crédito soberano", explicou.

Esta semana, a Moody's colocou Angola com perspectiva de evolução negativa do rating, um passo que geralmente antecede a descida da avaliação que a agência faz sobre a qualidade do crédito, ou seja, a capacidade de o emissor de dívida cumprir os compromissos financeiros.

"Estando sob um programa do Fundo Monetário Internacional, Angola fez grandes esforços de consolidação orçamental e reformas nos últimos 18 meses", reconhece Aurelien Mali, acrescentando que as próximas semanas servirão para a agência de rating "aferir a severidade de qualquer aumento nas vulnerabilidades externas, dada a queda abrupta das receitas da exportação de petróleo e a pressão consequente nas reservas em moeda estrangeira, bem como o aumento dos riscos associados com grandes volumes de pagamentos de dívida externa e interna".

Na nota que acompanha a divulgação do início da revisão para a degradação do rating, a Moody's escreveu que a decisão foi "desencadeada pela magnitude do choque devido à forte queda dos preços do petróleo e a um forte aperto nas condições globais de financiamento, que afectam as já de si fracas finanças públicas e posição externa, e pelas elevadas necessidades de financiamento".

Na nota, os analistas argumentaram que "a fraca capacidade governativa, apesar das várias reformas implementadas nos últimos anos, mina a capacidade do Governo para responder a este choque e é um fio condutor desta acção de rating".

Com esta acção, a Moody's não desce, ainda, o rating de Angola, avisando o mercado que as condições mudaram e que nas próximas semanas vai avaliar o desenrolar dos acontecimentos e depois decidir, ou não, pela descida do rating.

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