Uma fonte oficial disse à Lusa que o antigo Ministério da Cultura, agora fundido no Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, no âmbito da remodelação dos órgãos ministeriais, cabimentou a verba de um milhão de kwanzas às associações como "medida para ajudar a classe artística".
Segundo a mesma fonte, que reagia ao "clamor dos artistas", que em período de isolamento social apontam dificuldades para sobreviver devido ao cancelamento de actividades músico culturais, a decisão de "apoio aos artistas" foi tomada antes da fusão dos órgãos ministeriais.
Artistas e produtores culturais alertaram, na semana passada, que têm "dificuldades em sobreviver" neste período de confinamento social e de actividades culturais canceladas, devido à pandemia da covid-19, defendendo apoios das autoridades e "aplicação urgente" dos direitos autorais.
Segundo o director executivo da Nova Energia, produtora de eventos artísticos e culturais, Yuri Simão, o momento continua a ser desafiante para todos os intervenientes do sector porque "é muito difícil sobreviver numa situação em que as empresas não trabalham".
"No nosso caso, tínhamos produções em andamento e tivemos de parar tudo com custos já embutidos", disse Yuri Simão, em declarações à Lusa, admitindo a possibilidade de "migrar para as pequenas e médias empresas e daí absorver apoios do Estado".
Para o responsável da Nova Energia, produtora do conhecido espectáculo musical "Show do Mês" que em Março viu adiados dois espectáculos, o cenário "continua e será difícil para todos aqueles que trabalham com a cultura".
Porque, adiantou, "um dos aspectos que pode ser muito negativo é a questão de as pessoas terem medo de voltar à rua e demorarem muito tempo para se voltar a adaptar e habituar esse movimento de massas".
Em período de isolamento social, muitos artistas, sem rendimento fixo, servem-se das plataformas digitais para realizarem espectáculos gratuitos e com apelos à necessidade da observância das medidas de proteção.
Yuri Simão considerou, por outro lado, que devido à ausência de uma interligação entre asplataformas digitais, o sector financeiro e o de entretenimento "é difícil por via de espetáculos pela Internet sem os artistas absorverem aí qualquer rendimento".
Já a cantora Selda Portelinha também considerou difícil a actual situação dos artistas, "principalmente das pessoas que vivem da arte", defendendo uma "busca urgente" de alternativas para colmatar a falta de rendimentos.
"É uma classe que vai sofrer muito ainda depois de esta pandemia estar resolvida, vai ser uma classe ainda afetada porque acredito que o distanciamento social vai permanecer durante algum tempo mesmo depois da pandemia", afirmou.