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Empresários de Luanda fazem contas à vida com poucas horas de electricidade por dia

Os empresários de Luanda começam a desesperar com os custos acrescidos com combustível para os geradores, de dezenas de dólares por dia, necessário para manter o negócio a funcionar, face às poucas horas diárias de electricidade da rede pública.

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Há mais de um mês que a capital regista restrições diárias no fornecimento da electricidade devido ao enchimento da albufeira da barragem de Laúca, que particularmente no centro de Luanda é garantida apenas, em regra, entre as 18h00 e as 00h00, obrigando os pequenos empresários e comerciantes a encontrarem alternativas.

É o caso de Patty Matondo, proprietário de um estabelecimento de corte e costura em Luanda, que explicou à Lusa que gasta diariamente 4000 kwanzas em combustível para manter um pequeno gerador em funcionamento e com o isso o seu negócio.

"São muitos transtornos e gastos avultados com o combustível. As nossas máquinas são todas eléctricas e não podemos parar de trabalhar, temos de fazer este sacrifício", explicou o empresário.

A trabalhar seis dias por semana, e para conseguir responder aos pedidos dos clientes, a factura semanal já vai nos 24.000 kwanzas só em gasóleo, além dos bidons que carrega todos os dias.

As autoridades justificam os constantes cortes de energia em Luanda pela retenção de água para o enchimento da albufeira da barragem de Laúca, na província de Malanje, processo que arrancou a 11 de Março, prolongando-se por três meses.

Com a redução do caudal do rio Kwanza, as restantes barragens, que já não eram suficientes para o consumo de electricidade de Luanda, viram os níveis de produção drasticamente afectados.

Em contrapartida, o som característicos dos geradores, de casas e estabelecimentos comerciais, tomou conta de Luanda, dia e noite.

Alguns pequenos comerciantes optam mesmo por socorrer-se de geradores portáteis, que começaram entretanto a ser vendidos em hipermercados da capital por cerca de 60.000 kwanzas e cada vez mais vistos a funcionar na rua.

A outra alternativa, como também é já visível por Luanda, passa por simplesmente fechar o negócio. É o caso de uma geladaria na zona do Zé Pirão, centro da cidade de Luanda, que já leva uma semana sem funcionar devido à avaria no gerador, que não suportou o tempo de funcionamento diário, em consequência destes cortes de energia.

"Estamos encerrados", é o que se pode ler logo a entrada da geladaria "Jeluss Gelado Italiano", onde uma das funcionárias explicou à Lusa desconhecer quando deverá ser superada a avaria.

"O gerador que era a nossa fonte alternativa também avariou, então estamos de braços cruzados a esperar que o problema do gerador seja superado. Quando tínhamos o gerador a funcionar por dia estávamos a gastar 6000 kwanzas. Infelizmente, o gerador não suportou", disse uma das funcionárias.

Na MP & Irmão, uma empresa de comercialização de materiais de construção e mobiliário de Luanda, gastam-se por estes dias 27.000 kwanzas diariamente com os combustíveis do gerador. Tudo para manter funcionais as quatro filiais da empresa em Luanda, conforme contou à Lusa o seu director, José Segadães, que lamenta as "penalizações" pelos cortes de energia da rede pública na capital.

"São gastos avultados, mais a revisão, enfim não temos muita alternativa. Louvo o Governo pela pretensão de concluir a barragem do Laúca, mas não era necessário penalizarem a população e as empresas que contribuem para a economia do país", desabafou.

O projecto hidroeléctrico de Laúca custou aos cofres do Estado cerca de quatro mil milhões de dólares, para produzir, até final do ano, 2.067 MegaWatts para Luanda e a zona norte do país.

A diminuição da produção nas barragens de Cambambe e Capanda deverá continuar a obrigar a restrições no fornecimento da electricidade da rede pública pelo menos até Junho.

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