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Mais 20 mortos por febre-amarela em apenas dois dias

A epidemia de febre-amarela que assola Angola vitimou mortalmente mais 20 pessoas em apenas dois dias, elevando-se o total de mortes a 218, desde 5 de Dezembro, quando foi detectado o primeiro caso em Luanda.

Rede Angola:

De acordo com o mais recente boletim sobre a evolução da epidemia, do Ministério da Saúde angolano e da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 31 de Março estavam confirmados laboratorialmente 493 casos de febre-amarela, havendo registo de mais uma centena de casos suspeitos em dois dias.

Desde Dezembro, a epidemia da doença - segundo a OMS a pior em 30 anos - provocou a morte de 218 pessoas, entre 1501 casos suspeitos, contra os 1409 identificados no balanço anterior, relativo ao período até 29 de Março, quando o total de óbitos era de 198.

O mesmo boletim, a que a Lusa teve acesso, indica que entre o total de mortes por febre-amarela confirmadas em Angola, 158 foram na província de Luanda, tendo as autoridades de saúde identificado a presença do mosquito transmissor da doença no mercado do "Quilómetro 30", no município de Viana, na capital angolana.

Para travar a epidemia de febre-amarela, o Ministério da Saúde e a OMS lançaram uma campanha de vacinação que até 31 de Março já imunizou 5.837.020 pessoas, o equivalente a 89% da população-alvo da capital angolana. A campanha, segundo a OMS, será alargada a outras cinco províncias com risco de transmissão local da doença.

O lixo acumulado nas ruas, falta de saneamento, dificuldades dos hospitais com falta de medicamentos, devido à crise financeira generalizada no país, e as fortes chuvas que se têm feito sentir, nomeadamente em Luanda, ajudam a explicar a rápida propagação da doença nos últimos meses.

O ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, afirmou na semana passada que Luanda vive epidemias de malária grave e febre-amarela que estão a deixar os hospitais sem capacidade de resposta, mas afastou declarar a situação de emergência na capital.

O governante anunciou a disponibilização de uma dotação adicional de mais de 30 milhões de dólares para a compra de vacinas, medicamentos e outro material médico para combater as duas epidemias que afectam a capital, verba que ainda será reforçada.

"Registámos desde o início deste ano, aqui na província de Luanda, uma epidemia de paludismo [malária] grave que tem, juntamente com a febre-amarela, aumentado a procura por parte dos utentes das unidades de saúde", apontou Luís Gomes Sambo.

Só a epidemia de malária já terá afectado cerca de 500.000 pessoas em Luanda nas últimas semanas, sendo a doença a principal causa de morte em Angola.

Angola vive uma profunda crise económica e financeira devido à quebra das receitas fiscais com a exportação de petróleo, o que levou o Estado a cortar nos gastos. Nos últimos dias multiplicaram-se donativos de empresários e população aos hospitais de Luanda, sem consumíveis e alimentos.

"A situação é controlável, os meios de controlo estão a chegar, já foram mobilizados. O engajamento do Governo é suficiente para controlar a situação, até este momento, e portanto não vemos a necessidade de declarar o estado de emergência, esta é uma questão de momento", disse ainda.

Já esta terça-feira, o ministro anunciou uma dotação excepcional para contratar, nos próximos dias, cerca de 2.000 médicos e paramédicos angolanos recentemente formados no país e no estrangeiro para reforçar a capacidade de combate dos hospitais às epidemias que assolam sobretudo Luanda, província com quase sete milhões de habitantes.

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