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Economia

Sector dos vinhos encara “tempestade perfeita” com preocupação

O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) de Portugal afirmou que Angola está a viver uma “tempestade perfeita” que pode significar a falência de muitas empresas ligadas a este sector.

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“Há empresas, não só produtores, mas também ‘traders’ [empresas de comercialização e distribuição] que se não estão dependentes a 100 por cento, estão dependentes a 90 ou a 95 por cento deste mercado e essas enfrentam dois problemas: perdem os seus clientes e não conseguem transferir para Portugal dinheiro que têm em Angola. Algumas estão à beira da falência”, disse Paulo Amorim.

Outras empresas vinícolas com presença em Angola actuam, no entanto, em mercados diversificados, pelo que “abanam, mas não caiem”, enquanto um outro grupo “que está fortemente dependente” deste mercado vai sofrer “um cataclismo severo”.

Paulo Amorim destacou que algumas empresas mais dependentes não estão a conseguir cumprir as suas obrigações financeiras com a banca e os fornecedores e estão no limiar da sobrevivência.

“No passado, a banca e os fornecedores contemporizavam. Isso acabou. Neste momento, a banca não perdoa, não injecta dinheiro na economia e é leonina nas cobranças”, salientou o responsável da ANCEVE.

Angola é o primeiro mercado de destino das exportações de vinho português e representava, no ano passado, um valor superior ao dos segundo e terceiro mercado juntos (Alemanha e Reino Unido, respectivamente), mas as vendas ressentiram-se com a deterioração das condições económicas e a descida do preço do petróleo.

Na quarta-feira, o FMI anunciou que o Governo angolano solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, que o ministério das Finanças de Angola negou tratar-se de um resgate económico, justificando a decisão com a necessidade de aplicar políticas macroeconómicas e reformas estruturais.

Uma situação que Paulo Amorim admite causar “muita preocupação”, já que Angola sempre foi um mercado paradigmático para os exportadores de vinho portugueses.

“Antes era um mercado de destino de vinhos muito baratos, mas gradualmente tornou-se num mercado mais sofisticado e com valor acrescentado”, devido ao consumo das elites angolanas, notou Paulo Amorim.

Depois de vários anos a crescer, as exportações de vinho para Angola sofreram no ano passado uma quebra de 24 por cento em valor, totalizando 72,5 milhões de euros no final de 2015.

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