A posição foi transmitida por Manuel Viage, secretário-geral da União Nacional de Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), reagindo em declarações à Lusa ao pedido de apoio de Angola ao FMI, hoje divulgado, justificado com a crise da quebra da cotação do petróleo no mercado internacional.
O responsável recorda que as últimas medidas recomendadas pelo FMI estão a ser implementadas, nomeadamente a manutenção dos valores nominais dos salários e o congelamento de novas admissões na função pública.
Segundo Manuel Viage, uma ajuda no plano financeiro, nomeadamente um crédito para financiar a economia "é bem-vinda". "Porque o que temos visto é que a actividade empresarial está de alguma forma a decrescer faz tempo e a consequência imediata é a perda de postos de trabalho que temos visto todos os dias. Se a ajuda do FMI é no sentido de financiar a economia podemos considerá-la bem-vinda", frisou.
Acrescentou que "qualquer medida se não for no sentido de elevar" ou "ajustar as remunerações dos trabalhadores", então "vamos entrar para uma situação bastante difícil, incomportável".
O líder sindical frisou ainda que outra recomendação do FMI e que ainda não está em implementação visava "o emagrecimento do aparelho de Estado".
"Queremos ver qual é a estratégia que o Governo vai adoptar, se é a fusão de ministérios, mas essa é uma medida que está prevista, no plano estrutural para a saída da crise", referiu.
Recordou igualmente que a última declaração saída da reunião confederal, foi sublinhado ao Governo que o poder de compra dos salários dos trabalhadores perdeu cerca de 75 por cento do poder de compra.
"Portanto, quando olhamos para o valor de referência, que é o salário mínimo garantido, versus o valor da cesta básica no mercado, o que vemos é que o actual valor nominal do salário mínimo compra apenas cerca de 25 por cento dessa cesta básica", disse Manuel Viage.
O FMI anunciou que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos serão debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, e numa visita ao país.
O Ministério das Finanças de Angola não anunciou qual o valor da assistência financeira, centrando-se antes na assunção de um conjunto de compromissos políticos que passam pelo aumento da transparência das contas públicas, maior diversificação económica e pela promessa de um reforço da aposta das contas públicas, maior diversificação económica e pela promessa de um reforço da aposta nas áreas da agricultura, pescas, minas, educação, serviços financeiros, água, serviços básicos e saúde.