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Arleth Karyna: “A LAUD’S é o meu traço e tem uma identidade própria”

Passaram já alguns anos desde que Arleth Karyna organizava desfiles de faz de conta no seu pequeno quintal em Luanda. Vestia amigas e bonecas e atirava-as para a passerelle improvisada. Força de vontade e determinação valeram-lhe mais tarde uma carreira de modelo com destaque internacional. Um dia, deixou tudo em nome de um sonho: o de criar. A esse sonho, chamou-lhe LAUD’S.

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A ousadia das transparências e dos cortes profundos. Os detalhes e aplicações extravagantes. A qualidade dos materiais. A produção das peças de forma minuciosa por profissionais na arte da costura. Esta é a identidade própria da marca de Arleth, inspirada em paisagens, cheiros, cores e sensações. Não há um dia em que não pegue no lápis para desenhar peças, e não há dois vestidos iguais com a sua assinatura. Esta originalidade e exclusividade valeram-lhe - em pouco menos de um ano – um reconhecimento sem precedentes, quer em Angola, quer a nível internacional. O próximo passo é marcar presença em Lisboa, já a partir de Maio, mas a ligação sentimental nunca deixará a marca “fugir” de Angola e do povo que a viu nascer.

Arleth, em primeiro lugar gostaríamos de conhecer “a mulher por detrás da marca”. Fale-nos um bocadinho sobre si: quais são as suas raízes, como foi a sua infância e que influência tiveram estes factores na criadora que é hoje?

Sou alguém que aposta na conquista dos meus sonhos, de personalidade bem definida, sei o que quero e batalho para conseguir alcançar os meus objectivos. Nasci em Luanda no seio de uma família com valores de vida assentes na honestidade, no trabalho, na partilha. Tive uma infância feliz e engraçada. Desde criança que sonho com moda, quando era pequena organizava desfiles de faz de conta no meu quintal, e fazia roupas para as minhas amigas e as minhas bonecas.

Confesso: vivo a vida com que sempre sonhei, e sei que tenho muita sorte por isso mesmo. É claro que as pessoas e os ambientes em que crescemos são essenciais para formar a nossa personalidade, e nesse sentido o meu passado tem relevância na formação da mulher que sou hoje. Modestamente, considero que sou o que sou graças à minha força de vontade, determinação, foco e fé. Tem sido um caminho um pouco solitário, porque eu não tinha relações no meio, mas com muita dedicação alcancei alguns dos objectivos que tracei.

Que caminho é que a levou até à moda? Quando iniciou a sua carreira como modelo estava a ter bastante sucesso. Foi uma decisão sua a de interromper este percurso?

Como referi na resposta anterior, eu sempre gostei de moda. Quando era mais nova era muito magra e sempre que saia à rua as pessoas perguntavam se eu era modelo. Iniciei os meus desfiles para a marca Berete do Sr. Omar. Depois ao longo dos anos fiz vários trabalhos, nomeadamente desfiles nacionais e internacionais, trabalhos fotográficos internacionais, campanhas publicitárias e em 2014 ganhei o prémio de melhor modelo do ano na “Hadja Models”, agência com que trabalhava. Nesse mesmo ano decidi que estava na hora de criar e lançar uma marca, pois era algo que sempre sonhei. Inicialmente pensei que fosse possível conciliar, mas apesar do sucesso enquanto modelo e dos convites para desfilar internacionalmente decidi dedicar-me de corpo e alma na LAUD’S. A escolha não foi fácil, mas pensei que já estava a altura de fazer aquilo que eu sempre sonhei, que é desenhar e criar. Felizmente está a dar certo...

O estilismo tornou-se no seu grande amor? É através dele que se sente realizada?

Sim, completamente (risos). Já não consigo ficar um dia sem pegar no lápis para desenhar, todos os dias surgem novas ideias, e penso sempre nos desafios que podem surgir amanhã. Sinto-me realizada, no sentido em que apostei no meu sonho. Mas estou longe de pensar que cheguei onde quero, sinto que ainda tenho muito que dar. Digo apenas que realizei mais um pequeno sonho, mas cada objectivo alcançado faz surgir outro, mais ambicioso. A vida é uma escada e eu ainda estou nos primeiros degraus, mas se Deus permitir irei subir muitos degraus.

Quem a influencia neste sector? Segue com regularidade algumas marcas e estilistas?

Gosto muito do Elie Saab que é neste momento o meu estilista favorito, não só pela sua originalidade, mas também por ser um homem de personalidade forte. Contudo, e julgo que este é um traço comum a todos os estilistas, procuro que as minhas criações sejam originais, sejam minhas, que não sejam propriamente derivações do que outros fazem. Penso que a originalidade, a singularidade, são justamente os maiores desafios do criador, do estilista. A LAUD’S é o meu traço, e tem uma identidade própria.

Como é que surgiu a LAUD'S? De onde vem este nome?

A LAUD’S surgiu numa viagem que fiz a Paris e Nova York com o meu namorado. Foi a oportunidade que o meu namorado deu para realizar um grande sonho que tinha de conhecer a “Big Apple”, nessa viagem desenhei algumas peças e pensámos que poderíamos produzir para ver a reacção das pessoas diziam. Felizmente tive uma aceitação incrível.

Foi também uma homenagem que fiz à minha família Laudino. LAUD’S vem de Laudino que é meu sobrenome. Foi a maneira mais bonita que eu achei para unirmos todos em redor da minha marca. Juntos e para sempre seremos todos LAUD’S.

Onde é que podemos encontrar peças assinadas pela LAUD's? Cada peça é única e exclusiva a cada cliente?

A Loja TomGlow no centro de Lisboa, irá ter já a partir de Maio peças LAUD’S. Um espaço fantástico onde o cliente tem ao seu dispor um atendimento personalizado.

A Laud’s apresentará neste ano duas linhas: uma absolutamente exclusiva, em que cada peça é feita propositadamente para a pessoa que a encomenda; e uma outra em que as pessoas podem comprar vestidos que eu desenhei e que estão já produzidos. De qualquer dos modos, todos os vestidos são peças únicas e não são reproduzidos. A LAUD’S garante que não produz dois vestidos iguais.

A LAUD's dispõe de algum espaço físico em Angola? Como são feitas as vendas? Como podemos fazer uma encomenda LAUD’S?

Neste momento a LAUD’S ainda não tem nenhum espaço físico exclusivo da marca, no entanto podem encontrar algumas peças nossas na loja Mcchic no condomínio Dolce Vita em Talatona. Brevemente comunicaremos o nome do outro espaço premium em Luanda onde irá ter peças da LAUD’S. Somos uma marca muito jovem e queremos dar passos seguros. No entanto, Angola é um mercado prioritário para nós, até pela ligação sentimental.

As vendas tem sido feitas por contacto directo, as pessoas estão a entrar em contacto comigo e explicam o que pretendem. As encomendas podem ser feitas nos pontos de venda oficias, pelo nosso site www.laudsdesign.com através dos contactos ou por email [email protected]

A LAUD’S é o seu projecto? Aquilo que sempre sonhou para si?

Absolutamente. Tenho a sorte de ter a ajuda e contribuição de muitas pessoas, mas sinto este projecto como parte integrante do que sou. É imensamente pessoal, e também por isso tem o meu nome. Gosto de pensar que será o meu legado em temos de visão do mundo, e não apenas da moda, estilo ou elegância. Se Deus quiser, terei possibilidade de tentar contribuir positivamente para o mundo através da LAUD’S e por isso, apesar da nossa extrema juventude, pensamos já na questão da responsabilidade social como um aspecto estruturante da nossa existência.

De onde surge a inspiração para as suas peças? O que é que acha que distingue a sua assinatura da dos outros estilistas? Quais são os seus modelos favoritos?

Inspiram-me as experiências, as sensações que vivo nos lugares e com as pessoas; inspiram-me as paisagens, os cheiros, as cores. Inspira-me tudo o que me rodeia. Eu não tenho a pretensão de conhecer o trabalho de todos os outros estilistas, e por isso não colocaria a questão em termos de saber o que nos distingue dos outros. Contudo, sei o que marca presentemente as nossas criações: a ousadia das transparências e dos cortes profundos, os detalhes e aplicações extravagantes que sublinham a ousadia, a qualidade dos materiais e as suas aplicações, as rendas e a produção das peças de forma minuciosa por profissionais na arte da costura.

Já marcaram presença em alguns dos eventos mais conceituados da moda lusófona, como são o Angola Fashion Week, Lisboa Black Fashion Week e o Moda Luanda. O que é que retiram destas experiências?

É extremamente graficamente participar nesses grandiosos eventos. É importante trabalhar em diversos contextos, com diferentes modelos, perceber as diferentes culturas e tentar adquirir experiência. Trabalhamos globalmente e por isso temos que conhecer as culturas. Os gostos dos Africanos, Europeus, Americanos ou Asiáticos são diferentes e nós criadores temos que perceber isso.

Outros projectos como a colaboração como a Miss Universo Portugal e a coroação da Reina Carabineros, na Colômbia, são também marcos importantes na sua carreira. De que forma ajudaram na projecção internacional da LAUD'S?

Ajudam, de forma mais evidente, no reconhecimento e posicionamento da LAUD’S. Estes concursos foram muito importantes, pois deram um impulso ao esforço de expansão do impacto da marca. Foi um orgulho ouvir o meu nome na Colômbia e dizer que o vestido foi desenhado por mim, num concurso com transmissão em directo para milhões de telespectadores. Saber que o concurso onde o design dos vestidos é avaliado e ter a nossa candidata coroada é uma honra. Estes concursos elevam ainda mais o nome da LAUD’S e deixam-nos extremamente orgulhosos.

Quais são os próximos projectos da marca? 

Iremos continuar a estar presentes em grandiosos eventos internacionais. Neste mês de Abril iremos fechar mais um acordo com uma loja para termos mais um espaço de venda em Luanda. Temos também o objectivo de mostrar mais trabalhos em Angola, e temos já confirmações nesse sentido, brevemente a LAUD’S estará presente novamente em Luanda com mais uma colecção. Por fim, e se as coisas correrem como pretendemos, no final do ano pensamos iniciar as nossas acções no âmbito da responsabilidade social, algo que merece muito carinho na LAUD’S.

 

 

 

 

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