"Enquanto não existir uma comunidade em que haja liberdade de circulação de cidadãos, a lusofonia e o mundo lusófono não vão ser aquilo com que sonhamos", defendeu Bento Monteiro, que falava durante a tertúlia "Saúde em Português e o Mundo Lusófono", promovida pela organização não-governamental Saúde em Português, no auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
O presidente da Casa de Angola em Coimbra referiu também que o cidadão comum não se revê na lusofonia, por esta estar assente em "bases políticas". "A lusofonia está assente em bases políticas, a que o cidadão comum não tem acesso", sendo que este "não se revê nem sente a lusofonia", criticou, sublinhando que tal estará relacionado "com a ausência de cooperação entre os povos e de solidariedade efectiva".
Esta lusofonia a que se referia Bento Monteiro, foi "constituída sempre com base na política", disse. "Quando os senhores políticos quiserem, talvez se consiga chegar às populações e às pessoas", comentou.
Para o presidente da Casa de Angola em Coimbra, há que "convencer os políticos no sentido de descerem à terra, porque toda a construção tem que ter uma base sólida", de baixo para cima, sendo que neste momento a lusofonia, que começou "em cima, ainda não desceu".
Bento Monteiro falava na sessão de abertura da tertúlia, em que também participaram o vice-reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, o presidente da Saúde em Português, Hernâni Caniço e a vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Rosa Reis Marques.