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Dezenas de trabalhadores de rádio ligada à UNITA em risco de despedimento

Dezenas de trabalhadores da Rádio Despertar deverão ser despedidos, no quadro de uma reestruturação da emissora, segundo o Sindicato dos Jornalistas Angola (SJA), que se manifestou solidário com os profissionais.

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Segundo o secretário-geral do SJA, Pedro Miguel, o processo de reestruturação da Rádio Despertar ligada à União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) deve levar ao afastamento de mais de 40 trabalhadores, entre os quais jornalistas.

“Esta rádio apenas tem capacidade para 20 trabalhadores e ela tem quase 70 trabalhadores. Ouvimos a direcção da Despertar, apresentaram-nos os mapas, o cronograma daquilo que é a reestruturação da rádio enquanto empresa”, afirmou Pedro Miguel, sublinhando que a reestruturação da Rádio Despertar – segundo a direcção da estação – decorre no âmbito de um pedido dos accionistas, justificado com a “crise económica generalizada”.

“Infelizmente, quando se fala de reestruturação e numa situação de crise económica generalizada claro que sempre o trabalhador estará afectado”, referiu Pedro Miguel à Lusa, manifestando solidariedade e garantindo acompanhar o desenrolar do processo.

O líder do SJA lamentou ainda os baixos salários que os funcionários e jornalistas daquela rádio auferem, salientando que as reestruturações tanto ocorrem em empresas públicas como privadas, e que a Despertar pretende reduzir o actual quadro de pessoal para pelo menos 20 funcionários.

Alguns dos trabalhadores afectados queixam-se de “indemnizações injustas e impedimentos para a criação de um núcleo sindical”, como noticiou a Voz da América.

A Lusa contactou a direcção da Rádio Despertar, tentou ouvir os funcionários da estação e o porta-voz da UNITA, mas não obteve respostas.

Pedro Miguel insistiu que o SJA vai continuar a acompanhar o processo da Rádio Despertar, observando, no entanto, que a acção do sindicato não vai além da solidariedade para com os jornalistas afectados, por estes não estarem filiados na organização sindical.

“Fomos à [rádio] Despertar por iniciativa própria, porque os colegas não estão filiados ao SJA, mas lá fomos por solidariedade”, notou.

Miguel adiantou, por outro lado, que os problemas dos órgãos de comunicação social em Angola, sobretudo ligados aos salários e às condições laborais, não se restringem apenas à Rádio Despertar, e que as rádios Comercial Cabinda, Morena (Benguela) e 2000 (Huíla) também vivem situações de “mendicidade”.

“Elas também vivem uma situação de penúria, nós temos colegas dessas rádios a ganharem mal, é [sobre] tudo isso que precisamos de reflectir”, disse.

Em relação às empresas de comunicação social públicas o SJA convocou uma assembleia geral, agendada para a próxima semana em Luanda, para abordar a progressão na carreira e os reajustes salariais.

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