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Bebida para detectar feiticeiros matou pelo menos uma pessoa na província do Bié

O consumo de uma bebida feita à base de ervas denominada “mbulungo” matou, na última semana, no município de Camacupa, província do Bié, pelo menos uma pessoa acusada de feiticeira, segundo a polícia local.

: DW/C. Vieira
DW/C. Vieira  

Segundo o porta-voz da Polícia Nacional no Bié, António Hossi, a vítima foi obrigada a consumir o referido líquido, produzido por um quimbandeiro (adivinho), para provar que não era o culpado de uma morte que ocorreu naquela comunidade.

"Tomamos conhecimento através das informações vindas do município de Camacupa, tem sido uma constante a situação relacionada com a ingestão do suposto veneno chamado 'mbulungo', por crenças em superstição", disse à Lusa António Hossi.

O porta-voz da polícia no Bié sublinhou que são várias as mortes que têm ocorrido na província relacionadas com esta prática, essencialmente nos municípios de Camacupa, Nharea e Cuemba, mas não avançou um número concreto.

"Este caso ocorreu em Camacupa, levaram a vítima para outra localidade, no município do Cuemba, onde se encontrava o suposto quimbandeiro que fazia esse tipo de práticas. A vítima acabou por morrer", frisou.

Além da detenção das pessoas envolvidas nestes casos, que incorrem no crime de homicídio, a polícia tem realizado acções de sensibilização e apelo às comunidades, para não enveredarem por essas práticas, "infelizmente comuns e de já há algum tempo".

António Hossi realçou que tem havido alguma redução de casos, devido aos apelos das autoridades, contudo, as práticas continuam.

"A polícia vai continuar a acompanhar, a desencorajar, com as autoridades tradicionais, e aqueles que insistirem enveredar por essas práticas serão certamente encaminhados ao Ministério Público em função da gravidade do caso", salientou.

Os casos, que ocorrem geralmente em ambientes restritos, chegam à polícia por denúncia da família da vítima, depois da morte das pessoas.

"Depois da morte reagem, mas antes disso silenciam o que está a ocorrer no seu seio relacionado com acusações de feitiçaria", disse o responsável, acrescentando que a pessoa é obrigada a consumir a bebida.

De acordo com António Hossi, nas comunidades, sempre que morre alguém encontra-se um culpado, prática que continua, "às vezes mesmo nas sociedades mais organizadas".

"As pessoas ficam reactivas nesse tipo de situações, que acabam sempre por encontrar um culpado, são sempre pessoas idosas, membros da família, as próprias autoridades tradicionais nas aldeias", observou, exemplificando que um soba, ao ser acusado da morte de alguém, se suicidou.

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