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Luzia Sobral: motorista deixou o preconceito de lado e transporta diariamente milhares de cidadãos na estrada n.º 100

Natural de Catete (município de Icolo e Bengo), Luzia Sobral decidiu deixar de lado o preconceito de que só homens podem ser motoristas e é uma das quatro profissionais que conduzem na capital ao serviço da Empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda. Circulando na Estrada Nacional n.º 100/sul, a motorista diz que não tem medo de ali conduzir, "apesar de ser uma via estreita, com ravinas profundas ao longo das bermas e de ter registo frequente de acidentes".

: Bráulio Pedro/Angop
Bráulio Pedro/Angop  

O dia de Luzia Sobral começa de madrugada. É por volta das 03h00 que sai de casa para ir trabalhar. Segundo a Angop, uma hora e meia depois (por volta das 04h30), Luzia chega à base da empresa, em Viana, onde prepara tudo o que necessita, começando assim mais um dia atrás do volante.

A viagem inicia-se no trajecto Viana-Benfica, seguindo para o troço Benfica-Ramiros. Durante o seu longo dia – que encerra por volta das 19h00, quando Luzia conclui a sua operação do dia no trajecto Benfica-Viana, antes de estacionar o seu autocarro –, a motorista transporta milhares de cidadãos pela Estrada Nacional n.º 100/sul.

Luzia diz não ter medo de circular na referida estrada: "Eu não tenho medo de conduzir na Estrada Nacional 100/sul, apesar de ser uma via estreita, com ravinas profundas ao longo das bermas e de ter registo frequente de acidentes", afirmou a motorista que, em declarações à Angop, acrescentou que tem atenção à forma como conduz, evitando ultrapassar de forma arriscada.

Até então, Luzia encontrava-se a comandar o volante do autocarro no percurso Estrada de Catete-Estalagem, rota que deixou há quatro meses e agora percorre a Estrada Nacional 100.

Diariamente lida com diversos passageiros e, por vezes, as interacções são menos boas. "Apesar de algumas faltas de respeito, por parte de alguns cidadãos, lembro-me do dia em que um grupo de mamãs entrou no autocarro e começou a cantar louvores quando se deu conta que uma mulher conduzia o autocarro naquela via", revelou, em declarações à Angop.

Mas afinal como é que Luzia Sobral entrou para o mundo da condução? Tudo começou em 2009, ano em que deu entrada na empresa como cobradora. Mais tarde, a empresa promoveu um curso para motoristas de T1 para carros pesados e SP para transportes de passageiros, tendo Luzia frequentado a referida formação.

Luzia Sobral, que sonha em ser motorista interprovincial, diz ainda que o que mais a motiva é "ver outras mulheres motivadas a encarar o desafio de actuar" num sector maioritariamente direccionado a homens: "O que mais me incentiva no exercício da actividade é ver outras mulheres motivadas a encarar o desafio de actuar num ramo considerado exclusivo para homens".

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