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Programa “Monami” de auto-cuidado para grávidas já apoiou mais de 30 mil angolanas

A taxa de mortalidade materna no país diminuiu consideravelmente nos últimos anos, registando actualmente 200 óbitos por 100 mil nados vivos, números que a plataforma de apoio por SMS “Monami” quer ajudar a baixar.

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"A plataforma, num ano, conseguiu seguir cerca de 30 mil mulheres, o impacto é bastante positivo", referiu a mentora do projecto, a médica Manuela Mendes, apelando à necessidade de mais parceiros e mais financiamento para a sustentabilidade do programa.

O programa de auto-cuidado para mulheres gestantes "Monami" surgiu, em 2022, de uma ideia da actual directora do Hospital Materno Infantil Manuel Pedro Azancot de Menezes, para transmitir informação às grávidas, enviada por mensagens móveis SMS, sobre as medidas de prevenção e complicações na gravidez, que podem levar à morte da mãe, do bebé ou de ambos.

Em declarações à imprensa, Manuela Mendes, médica de ginecologia e obstetrícia há 50 anos, referiu que a sua longa experiência na área de saúde materna levou-a a aproveitar as novas tecnologias para enviar mensagens simples, mas com o poder de impactar positivamente na saúde das mulheres e dos recém-nascidos.

Passado um ano da fase piloto, o objectivo agora é levar o "Monami" a um maior número de mulheres nas outras 17 regiões do país, além da província de Luanda.

O "Monami" contou inicialmente com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, que permitiu ao parceiro Appy People desenvolver a plataforma digital do programa e pagar aos agentes envolvidos.

No discurso de abertura, o chefe de departamento de cuidados primários da Direcção Nacional de Saúde Pública, Ketha Francisco, destacou os investimentos feitos nos sectores da saúde materno infantil, principalmente em recursos humanos, infra-estruturas, tecnologia de informação e melhoria da qualidade do serviço prestado.

"Isso seguramente levou à melhoria em grande parte dos indicadores de saúde, principalmente da saúde materna. Notamos nos últimos anos uma redução da mortalidade materna e da mortalidade infantil institucional, mas ao mesmo tempo notamos que esse ritmo de redução de mortalidade materna, pode não ser suficiente para atingirmos as nossas metas nacionais, regionais e internacionais", declarou.

Relativamente aos números, Manuel Mendes disse que a mortalidade materna no país diminuiu bastante comparativamente aos últimos 15 anos, "porque era realmente muito alta", sem divulgar dados concretos.

Essa diminuição, argumentou Manuela Mendes, deve-se ao empenho político na criação de infra-estruturas de apoio à mulher durante a gravidez e pós-parto, na formação acelerada de quadros nesta área e outras actividades como o "Monami", quem vem aumentando a literacia das mulheres para o auto-cuidado.

Manuela Mendes adiantou que a principal causa de morte no país das mulheres grávidas "é sem dúvida a hipertensão arterial", devido à propensão para esta doença.

"Quando essas mulheres não são bem seguidas, quando não se tem um plano definido para o parto, naturalmente vamos ter muitas complicações, tais como hemorragias, prematuridade, nados mortos, são alguns problemas que ainda temos que desenvolver, como também mudar a condição social das mulheres, empoderá-las, dar maior capacidade financeira para elas poderem tomar conta de si", disse.

Segundo a médica, os hospitais ainda só realizam 50 por cento dos partos do país, sublinhando que a taxa de mortalidade ronda os 200 óbitos por 100 mil nascidos vivos, "considerada muito alta" face aos 70 por 100 mil nascidos vivos da Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Mas essas taxas já foram muito mais altas que agora. Quero dizer que, eu que vivo há mais ou menos meio século, a situação da mortalidade materna, noto que estamos a viver o melhor momento na protecção da mulher durante a gravidez e o parto", vincou.

Por sua vez, Margarida Anselmo, directora da Maize Impact, empresa que realizou um estudo sobre o impacto do programa, referiu que mais de 95 por cento das beneficiárias disseram que aprenderam coisas novas através das mensagens do "Monami", que partilharam o conteúdo com o marido, família e amigos, que melhoraram os seus hábitos alimentares, destacando a importância das consultas pré-natal e da gestão de sintomas na gravidez, bem como da toma da medicação.

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