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Ministra das Finanças: soluções para endividamento em África devem ser simples

As soluções para o peso da dívida externa nos países africanos devem ser simples e respeitar características locais, defendeu em entrevista à Lusa a ministra das Finanças, Vera Daves.

: Sérgio Nhambi (VOA)
Sérgio Nhambi (VOA)  

"As soluções que são desenvolvidas para se endereçar o peso da dívida nos países emergentes, naturalmente com foco em África, devem respeitar as características do portfólio de dívida desses países e devem ser soluções simples, porque, às vezes, são muito complexas, envolvem negociações intermináveis e o país fica quase asfixiado e sem poder avançar", defendeu a ministra.

Vera Daves liderou a delegação angolana na cimeira com líderes económicos do G20, grupo que inclui as vinte maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana, organizada no Brasil.

Num encontro nesse contexto só com países africanos e instituições multilaterais africanas, a ministra disse que pode partilhar o "ponto de vista" e dizer o que gostaria de ver acontecer".

"Foi essa oportunidade de ser ouvida e de manifestar a nossa visão sobre cada um dos temas que foram aqui [no G20] discutidos", referiu numa entrevista à Lusa realizada à margem da cimeira dos ministros das Finanças e governadores dos Bancos Centrais dos membros do G20.

"Recorrentemente, os países africanos são desafiados a fazer a consolidação fiscal, cortar a despesa, tributar, melhorar a base tributária e nós concordamos, mas tem que ficar claro, que isso sem crescimento económico é ficção, de modo que só com crescimento económico é que teremos capacidade de implementar essa consolidação fiscal sem asfixiar os nossos cidadãos", sublinhou a representante de Angola.

"Manifestamos [na cimeira do G20] que é necessário que as exigências de consolidação fiscal obviamente sejam feitas, mas que se respeite também a necessidade de liquidez, que os países africanos tenham liquidez que não seja [apenas] para projectos voltados a visão de quem financia", acrescentou.

A ministra disse que os países africanos sabem aquilo que é importante para as suas economias e quem financia, ou seja os agentes externos e investidores, devem respeitar essa visão e não condicionar a liquidez a um ou outro projecto.

"Obviamente estamos disponíveis para discutir essa visão e incorporar sugestões e contribuições que advenham de quem financia, mas, naturalmente, temos uma palavra a dizer em termos de opinião, de visão e estratégia e de desenvolvimento que gostaríamos de ver acontecer nos nossos países", argumentou.

No que se refere a Angola, Vera Daves adiantou que o país pretende, tanto quanto possível, "ver mais conteúdo local naquilo que são os financiamentos e naquilo que são as iniciativas que decorrem da relação Estado a Estado e depois continuarmos a trabalhar para que a percepção de risco seja melhorada e se perceba que a Angola é um bom destino de investimento privado, porque relativamente à relação Estado a Estado, mal ou bem, vai acontecendo".

"O próximo estágio é vermos mais capital privado a investir em Angola e com negócios a estabelecer em Angola e a sinalizarem-nos o que temos que fazer para melhorar ainda mais o ambiente de negócios em Angola", acrescentou.

No encontro realizado por o G20 os representantes africanos também salientaram a necessidade de aumentar a sua representatividade nas organizações internacionais.

"Continua a ser um desafio aumentar a representatividade dos países africanos nas organizações, não só a alto nível, mas também a nível intermédio, em nível de base, tendo técnicos, directores e representação nos 'boards' (grupos), (...) é uma mensagem que passamos, e levo comigo a satisfação de ter claramente passado essa mensagem", concluiu.

O Brasil, que assumiu a presidência do G20 a 1 de Dezembro de 2023, foi o anfitrião da cimeira organizada em 28 e 29 de Fevereiro.

O Brasil convidou Portugal, Angola, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores do G20 em 2024.

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