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Jovens criam “Movimento Cívico Vamos Sair de Angola” por “falta de esperança” no país

A “falta de esperança” em Angola motivou um grupo de jovens a criar o denominado “Movimento Cívico Vamos Sair de Angola”, destinado a trocar informações sobre emigração, com Portugal, Brasil, Canadá e Turquia entre os destinos pretendidos.

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O movimento, criado há um mês por mais de 20 jovens estudantes e trabalhadores que desejam emigrar, serve como um canal de troca de informações sobre os procedimentos internos e externos para sair de Angola, desde o tratamento do passaporte ao visto para o país de destino.

Kennedy Manuel, um dos mentores do "Movimento Cívico Vamos Sair de Angola", que, na sua página na rede social Facebook conta com quase 80 interessados, disse à Lusa que a iniciativa visa também chamar a atenção das autoridades para a actual condição dos jovens.

"No nosso grupo, a maioria são activistas e defensores dos direitos humanos e usamos essa forma de movimento para sairmos mesmo de Angola e também para nos ajudar uns aos outros e chamar a atenção a quem nos governa", referiu.

O movimento, explicou, pretende permitir "uma melhor compreensão de como funcionam os procedimentos para a emigração, para se ir para o exterior à procura de melhores condições de vida".

Portugal, Brasil, Canadá e Turquia são os principais destinos pretendidos para quem recorre ao movimento em busca de apoio e/ou informação sobre os procedimentos para tratar a documentação, e as solicitações têm crescido.

A maioria dos que os procuram "pretende emigrar para o Canadá, outros Turquia e outros procuram países mais fáceis, como Portugal, apenas para abertura, e depois seguir para outros países", sublinhou.

"Já recebemos muitos pedidos e solicitações de pessoas que querem emigrar. Muitos aderem, e a nossa pretensão é de passar a mensagem de como funciona a emigração através de pessoas que estão fora, com as quais entramos em contacto para explicar como funciona e partilhar com os outros", explicou.

Segundo Kennedy Manuel, todos os membros do movimento pretendem emigrar, mas até ao momento nenhum conseguiu. Mas, observou, duas pessoas que entraram em contacto com o movimento "estão prontas já para emigrar".

"A ajuda não se restringe apenas aqui a Angola, também quando emigrarmos, lá [no exterior] nos ajudarmos uns aos outros", notou.

Falta de esperança em Angola, sobretudo devido ao elevado índice de desemprego entre a juventude, e o elevado custo de vida, frisou Kennedy Manuel, constituem os "principais motivos" que levam os jovens a querer deixar o país.

"Queremos emigrar por falta de esperança, a juventude está sem esperança, sem emprego, custo de vida está muito alto", atirou.

O membro do movimento referiu que pretende emigrar "não para viver definitivamente no exterior", mas apenas para fazer formação e depois regressar ao país para fazer o seu próprio projecto.

Pelo menos 80 interessados, maioritariamente jovens, interagem com os membros do movimento, via 'chat' criado na página da rede social, que continua a receber pessoas interessadas em aderir.

"São muitos jovens que nos procuram, nos contactam, a quererem aderir, o 'chat' que nós criamos e onde partilhámos todas as informações está praticamente sem espaço e muita gente quer aderir, mas limitámos" as entradas, rematou Kennedy Manuel.

Portugal é porta de entrada para a Europa para muitos jovens angolanos, que "desesperados" pela falta de emprego e melhores condições de vida no país africano, dizem-se ávidos em emigrar para o espaço europeu por "faltar quase tudo" em Angola, como disseram à Lusa jovens que pretendem emigrar.

As filas quase intermináveis desde as primeiras horas do dia no novo centro de vistos para Portugal, em Luanda, inaugurado na passada Segunda-feira, são sintomáticas desta pretensão de jovens que apostam no sonho europeu para a realização das suas vidas.

Procurar melhores condições de vida, oportunidade de emprego, formação qualificada ou simples turismo são alguns dos propósitos de muitos jovens que acreditam em dias melhores, mas fora do território angolano.

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