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Analistas consideram independência do BNA aspecto “essencial” da revisão constitucional

O Cedesa, entidade que estuda assuntos políticos e económicos de Angola, elogiam aspectos “essenciais” da proposta de revisão constitucional que prevê a independência do banco central e o seu foco no combate à inflação.

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"Minimalista, a proposta revisão constitucional na área da economia e finanças visa reforçar os sinais da economia de mercado e estabilidade macroeconómica, sendo de destacar como elemento essencial desta lei a consagração da independência do banco central e o seu foco no combate à inflação", conclui o grupo de académicos, numa análise a que a Lusa teve acesso.

Para o Cedesa, em termos de opinião pública, "o cerne da modificação constitucional em termos económico-financeiros estará no artigo 100.º referente ao BNA (Banco Nacional de Angola)".

Porque o banco central passa a ser o "garante a estabilidade de preços de forma a assegurar a preservação do valor da moeda nacional e a estabilidade do sistema financeiro".

Além disso, o banco de central de Angola "torna-se numa autoridade administrativa independente na prossecução das suas atribuições e no exercício dos poderes públicos".

Ora, um banco central independente pode "ter mais credibilidade e inspirar mais confiança", o que "ajuda a reduzir expectativas inflacionárias".

Assim, para os analistas, "há assim a tentativa de introduzir credibilidade adicional na política monetária e acentuar o combate à inflação".

Outros dos aspectos positivos da proposta, de acordo com o grupo de académicos, são as alterações que permitem a promoção da iniciativa privada e acelerar a recuperação de activos resultantes de actividades corruptas.

O Cedesa refere que a proposta de revisão constitucional garante e protege a propriedade privada e livre iniciativa, através da responsabilização do Estado.

Isto significa, que é "introduzido um comportamento positivo do Estado, o da promoção da livre iniciativa privada", considera. A proposta "introduz o confisco enquanto medida sancionatória, sendo este permitido quando ocorra uma ofensa grave às leis que protegem os interesses económicos do Estado".

Por isso, "esta norma é de aplaudir no presente contexto de combate à corrupção", realçam os académicos.

Já no que respeita ao artigo 92.º, referente à economia informal, a CEDESA alerta para os perigos da alteração que consta da proposta de revisão constitucional.

Mais do que "o seu enquadramento progressivo no sistema estruturado de economia", o que "a Constituição deveria propugnar era a adoção de políticas de apoio ao sector informal da economia", defende o Cedesa.

Porque o sector informal, "é um verdadeiro amortecedor da falta de trabalho e um incubador de potenciais pequenas e médias empresas de sucesso", afirmam.

A Cedesa refere que, na África Austral, o sector económico informal constitui um "elemento crucial de sobrevivência", dado que 72 por cento de todo o emprego não agrícola está naquele sector.

Em termos gerais, a Cedesa considera que a proposta precisamente por ser minimalista "arrisca-se a criar expectativas na população que depois não serão satisfeitas".

O Presidente anunciou, no início deste mês, uma revisão pontual da Constituição com o objectivo, entre outros, de clarificar os mecanismos de fiscalização política, dar direito de voto a residentes no estrangeiro e eliminar o princípio de gradualismo nas autarquias, motivando várias críticas por parte dos opositores.

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