Um cenário bem mais optimista que o do Governo, que para este ano assumiu o preço médio do petróleo a 39 dólares, representando um défice de 2,2 por cento.
Numa nota, citada pelo Jornal Económico, a consultora recorda que os cortes nos níveis de produção de petróleo se vão manter no próximo mês e explica que esta decisão, determinada na passada Quinta-feira pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e parceiros, terá consequências no mercado.
O mercado petrolífero esperava que os níveis de produção aumentassem, contudo, como isso não se vai verificar e a oferta de petróleo vai continuar condicionada, o preço vai valorizar.
A Eaglestone considera ainda que esta decisão "foi não só uma surpresa" como também indica "que o mercado mundial vai estar mais limitado nos próximos meses".
Desde o final de 2020, que o preço médio do petróleo subiu cerca de 30 por cento. Segundo a consultora, em Janeiro e Fevereiro de 2021, o preço rondou os 58 dólares. Contudo, a expectativa é que o valor continue a subir. Este aumento, segundo a Eaglestone diz respeito aos cortes que a OPEP+ tem vindo a adoptar.
"Entretanto, os investidores estão cada vez mais optimistas em relação à evolução do preço do petróleo, com o crescimento da procura a poder ultrapassar o nível de oferta que a OPEP+ puder vir a repor no mercado", pode ler-se na nota assinada por Tiago Bossa Dionísio.
Apesar dos cenários optimistas, a consultora avisa que as previsões estão longe de chegar a um consenso, indicando que as projecções actuais apontam para que o preço médio fique ligeiramente abaixo dos 65 dólares até 2025.
Feita a análise, a consultora conclui, que mesmo perante as previsões cautelosas, o saldo angolano poderá vir a terminar com um balanço positivo. "A conclusão é clara: o governo angolano poderá registar um superávit orçamental em 2021 (para o mesmo nível de despesas já assumidas no OGE) se o preço do petróleo se mantiver nos níveis actuais", salientou.
A Eaglestone explica que, por exemplo, "se o preço médio do crude atingir os 60 dólares este ano então o Governo registaria um superávit representando 3 por cento do PIB. Relembre-se que o orçamento actual prevê um défice de 2,2 por cento do PIB assumindo um preço médio de 39 dólares".
Refere que Angola continua a apostar nas reformas económicas de forma a atingir uma estabilidade financeira e um crescimento económico sustentável.
"Apesar disso, a dívida pública continua muito elevada, com este rácio a atingir mais de 130 por cento do PIB em 2020. Isto reflete a forte depreciação do kwanza nos últimos anos (mais de 80 por cento da dívida pública está denominada ou indexada a moeda estrangeira) e a recessão desde 2016", frisou.
No entanto, nem tudo são más notícias, e apesar do decréscimo contínuo na produção de petróleo "as perspectivas para o seu preço são uma notícia positiva para Angola, já que ajuda a recuperação económica e as contas públicas do país, enquanto que a recente estabilização do kwanza deverá contribuir para a sustentabilidade da dívida".
Conclui admitindo que as avaliações nas principais agências de rating ainda estão longe de melhorar, mas que "mesmo assim, o Governo deveria aproveitar a enorme ajudar que um preço do petróleo mais elevado deverá trazer nos próximos meses".