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NKC: riscos de depreciação continuam elevados apesar da valorização do kwanza

A consultora NKC African Economics considerou esta Segunda-feira que os riscos de depreciação do kwanza continuam elevados, apesar da recente valorização da moeda nacional, que atingiu na semana passada o melhor resultado dos últimos cinco meses.

Julia Filipe:

"O risco de uma forte depreciação da moeda continua elevado devido à incerteza no mercado energético causada pela pandemia de covid-19", escrevem os analistas desta filial africana da consultora Oxford Economics.

No comentário sobre a evolução do kwanza, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas afirmam que "apesar de as fortes transacções da moeda e da melhoria do sentimento sobre o risco terem abrandando os riscos de curto prazo, o kwanza vai provavelmente continuar sob pressão a curto prazo devido à forte dependência do petróleo, que está confrontado com uma redução na procura e na produção".

Na Segunda-feira passada, o Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou que a taxa de câmbio do kwanza estabilizou nos últimos meses e considerou que deverá manter-se assim no curto prazo, com o câmbio da moeda nacional a aproximar-se do ponto de equilíbrio.

As informações foram dadas durante a apresentação do relatório sobre a evolução do mercado cambial, pelo BNA, onde foi dado destaque aos factores que contribuíram para a estabilidade, incluindo as medidas adoptadas pelo banco central desde 2017 e a evolução dos preços do petróleo.

Em 2020, o kwanza manteve uma trajectória de depreciação face ao dólar até Novembro, altura em que estabilizou, mantendo esta estabilidade até à data.

Em Dezembro de 2020, o kwanza fechou nos 656,224 face ao dólar e 805,117 face ao euro, o que corresponde a uma desvalorização anual de 26,52 por cento e 32,83 por cento, respectivamente, com a taxa de câmbio real efectiva a aproximar-se dos 2,3 por cento no final de 2020.

"Pensamos que os especuladores empurraram os preços do petróleo demasiado rápido e demasiado longe e esperamos que o preço do barril de Brent atinja um pico no segundo trimestre, antes de se regressar para menos de 61 dólares no final do ano", escrevem os analistas, concluindo que, "por isso, a previsão aponta para uma taxa de câmbio médio mais fraca, de 578,3 kwanzas por dólares em 2020 para 648,7 dólares em 2021".

A subida dos preços do petróleo no primeiro trimestre deste ano ajudou o kwanza a recuperar algum terreno perdido nos últimos meses, tendo recuperado para menos de 620 kwanzas por dólares, o melhor nível dos últimos cinco meses.

Desde Dezembro até final de Fevereiro, o kwanza valorizou 3 por cento, no mesmo período em que o preço do barril de petróleo subiu 29 por cento para 65,9 dólares por barril.

"A apreciação do kwanza nos últimos dois meses traz algum alívio, já que a moeda angolana perdeu 27 por cento do seu valor face ao dólar no ano passado", na sequência da reforma cambial introduzida em 2019, e num contexto em que o mercado paralelo transaciona o kwanza 14 por cento pior do que a taxa oficial, "muito melhor do que os 60 por cento que se registava em novembro de 2017", concluem os analistas.

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