Segundo relatam, as dezenas barreiras colocadas, desde as primeiras horas desta Segunda-feira, pelas forças de ordem e segurança, com intuito de interditar a circulação de pessoas, também foi extensiva aos profissionais da comunicação.
Os jornalistas relataram cenas de "desrespeito" e de "arrogância" protagonizados por "agentes da polícia", quando tentavam justificar a sua presença na via pública.
"Foram logo quatro barreiras e a na quarta a indicação é que ninguém deveria passar, era muita arrogância, nem sequer davam ouvidos às pessoas, era apenas chegar e eles (agentes da polícia) diziam que devem regressar à casa", contou à Lusa o jornalista Isidro Chiteculo.
O profissional da Rádio Ecclesia - Emissora Católica de Angola - que saía do município de Viana, em direcção ao centro de Luanda referiu que a sua credencial para os efectivos da polícia não tinha qualquer relevância.
E como solução, adiantou, "tivemos de usar outra via" porque "eles (agentes da polícia) nem permitiam diálogo”. "Era muita arrogância o que mostra que muitos agentes estão pouco esclarecidos. Há vários colegas que também passaram por isso e não sei como será amanhã", atirou.
O país vive desde Sexta-feira o estado de emergência prorrogável, que se estende até 11 de Abril, com a interdições de pessoas e viaturas na via pública, nos aglomerados e horário específico para venda de bens alimentares, entre as medidas.
O decreto presidencial n.º 82/20, de 26 de Março, que define as medidas de excepção em vigor durante o estado de emergência para conter a propagação da Covid-19, refere que os órgãos de comunicação social públicos e privados "mantêm-se em funcionamento" e podem adoptar medida de diminuição do efectivo laboral presencial.
No entanto, reagindo às inquietações dos jornalistas angolanos, Waldemar José, director do gabinete de comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, afirmou que além da credencial os jornalistas "devem certificar" que estejam escalados para actividade.
Em mensagem divulgada pelas redes sociais, o responsável observou que apenas o passe ou credencial "não chega" recomendando as administrações dos órgãos de informação à emissão de uma "escala que certifique que o profissional deve sair à rua".
"Recomendamos escalas como prova que está escalado para trabalhar naquela hora ou dia e, assim sendo, vai ser autorizado a circular. Devem compreender que a situação começa a apertar cada vez mais e se houver a possibilidade de casos comunitários vamos apertar cada vez mais", notou.
Então, acrescentou, "estamos a fazer o filtro a nível das vias principais" e os que não conseguirem provar que estão a caminho do serviço "não vão passar, nos próximos dias será pior".
"Além do passe, devem exibir a escala de trabalho, devidamente, assinada para exibir às autoridades policiais", rematou Waldemar José.