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‘Default’ em Angola é cada vez mais provável, alerta Capital Economics

O consultor da Capital Economics que segue a economia de Angola alertou esta Terça-feira para o perigo de o país entrar em ‘default’ (Incumprimento Financeiro) devido à depreciação do kwanza e ao aumento dos custos de financiamento.

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"O colapso dos preços das matérias-primas atingiu Angola em força, especialmente num contexto em que o crucial sector do petróleo estava já em dificuldades antes mesmo da propagação da pandemia", disse Virág Fórizs à Lusa.

"Só até meados deste mês o kwanza já caiu 7 por cento face ao dólar, e vai provavelmente continuar a cair no resto do ano", acrescentou o analista, vincando que "com os títulos de dívida em dólares já em valores insustentáveis, um 'default' parece cada vez mais provável".

Questionado sobre o critério para considerar que o custo dos juros é insustentável, Fórizs disse que "a referência histórica que normalmente precede os 'defaults' é os 1000 pontos base (10 por cento)" e alertou que "Angola já ultrapassou este valor há algum tempo".

Para este ano, a Capital Economics estima que a economia continue a contrair-se, prevendo uma retracção de 3,5 por cento.

Questionado sobre como pode Angola melhorar a situação económica, o analista da Capital Economics explicou que uma das soluções é aumentar o envolvimento com as instituições de financiamento multilateral e o volume do programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que, aliás, espera que aconteça não só em Angola, mas também noutros países.

"O FMI apoiou o pedido dos ministros das Finanças africanos relativamente à suspensão de todos os pagamentos da dívida, o que libertaria cerca de 44 mil milhões de dólares este ano, mas mesmo que esta iniciativa avance, não será suficiente para impedir que as economias africanas continuem em dificuldades este ano", disse o analista à Lusa.

As medidas de isolamento social, acrescentou, são mais difíceis de implementar no continente, onde a economia informal e a concentração populacional tornam mais gravoso a contenção em casa, porque há muitos trabalhos que são pagos ao dia e outros que escapam às regras do modelo ocidental da relação laboral.

"Um quarto dos trabalhadores na África do Sul ou está no sector informal ou é empregado doméstico, e podem perder todos os rendimentos se ficarem em casa", exemplificou o analista, concluindo que "apesar de os números não serem exaustivos, é certo que a maioria dos africanos não tem poupanças suficientes para sobreviver a um período de desemprego forçado, o que o torna mais difícil a aplicação das regras de isolamento domiciliário".

Num relatório da semana passada, a Capital Economics já escrevia que "em termos de quais os países onde o 'default' é mais provável, Angola e Zâmbia, bem como o Equador, destacam-se", argumentando que "um ponto importante é que em Angola e no Equador o incumprimento financeiro seria mais ordenado devido ao acordo com o FMI, que lhes daria assistência técnica e garantias aos investidores relativamente ao novo plano de pagamentos.

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