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Vice-PR e 10 ministros em comissão para gerir património mundial de Angola

O vice-Presidente, Bornito de Sousa, vai liderar uma comissão encarregue de fazer a gestão e valorização do património cultural mundial do país nos próximos três anos e que junta mais 10 ministros.

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Em causa está o despacho presidencial 25/18, de 5 de Março e ao qual a Lusa teve acesso, em que o Presidente João Lourenço cria a Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, "com o objectivo de promover a implementação de programas de conservação e a gestão participativa do património cultural".

Entre as atribuições desta comissão multissectorial está a missão de submeter propostas de bens classificados passíveis de elevação a Património da Humanidade e acompanhar o processo de candidatura e inscrição.

A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, coordenador adjunta desta comissão agora criada, anunciou em Julho de 2017 que a UNESCO aceitou os processos de candidatura da cidade de Cuito Cuanavale, do corredor do rio Kwanza e das gravuras de Tchitundu-Hulu a património da humanidade.

O anúncio foi feito em Mbanza Congo, província do Zaire, durante a cerimónia de apresentação local da declaração de património da humanidade das ruínas do centro histórico da cidade, antiga capital do Reino Congo, a primeira classificação do género atribuída a Angola por aquela Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura, que aconteceu a 8 de Julho.

"Angola já avançou, através do Ministério da Cultura, para a inscrição de três novos sítios, que foram já aceites pela UNESCO. A inscrição das pinturas rupestres do Namibe, de Tchitundu-Hulu, o corredor do Kwanza, que está ligado ao roteiro da escravatura, e a cidade do Cuito Cuanavale, que é um símbolo e uma referência da paz, do diálogo e da reconciliação nacional", enfatizou a ministra.

Segundo Carolina Cerqueira, estas três propostas "foram aceites para inscrição pela UNESCO", pelo que Angola vai agora "trabalhar nesses dossiês", para "poder ter resultados positivos".

A aceitação de mais três candidaturas de Angola indica que as mesmas cumprem os pressupostos da UNESCO para iniciar análise, cabendo agora ao Governo angolano começar a trabalhar nos pressupostos das mesmas, antes de serem levadas à discussão final da Comissão de Património Mundial daquela organização, para inscrição, acrescentou a governante.

Localizadas no município do Virei, província do Namibe, no sul do país, as 2000 gravuras e 250 pinturas rupestres de Tchitundu-Hulu integram uma das mais importantes áreas do género em África e já integravam o conjunto de bens da lista indicativa de Angola a património da UNESCO.

Em 1996, justificando a decisão com o testemunho material e imaterial da vida social, económica e espiritual das antigas comunidades que se terão fixado naquele espaço e autores das pinturas e das gravuras, a Estação de arte rupestre de Tchitundu-Hulu foi classificada pelo Ministério da Cultura com o título de Património Histórico-Cultural.

Paralelamente, o Governo defendeu em 2016 a necessidade de "conservar e valorizar" turisticamente as marcas físicas do passado colonial português, nomeadamente no corredor do rio Kwanza, que o país pretende candidatar a património da UNESCO, destacando a oposição que aquela região do país demonstrou ao colonialismo português ao longo da história.

Aquele corredor, alvo igualmente desta candidatura à UNESCO, era utilizado pelos povos locais e com a chegada dos portugueses passou a ser uma rota para a introdução do cristianismo, tendo igualmente potenciado o ‘negócio' dos escravos.

A fechar o grupo das três candidaturas está a cidade Cuito Cuanavale, na província do Cuando Cubango, palco, durante o conflito civil, daquele que foi considerado como o maior combate militar em África após a segunda guerra mundial e que então envolveu forças do Governo, da UNITA e da África do Sul, que comemora o trigésimo aniversário em 2018.

Aquela região insere-se no chamado "Triângulo do Tumpo", considerado o ponto principal dos combates do Cuito Cuanavale, ocorridos a 23 de Março de 1988.

Além da evolução da situação política e militar em Angola, a batalha do Cuito Cuanavale é considerada como decisiva na independência da Namíbia, concluída em 1990, então ocupada pela África do Sul e após ter sido colónia da Alemanha.

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