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Mais de 1,7 milhões de angolanos estavam desempregados antes da crise

Mais de 1,7 milhões de angolanos em idade activa não tinham emprego em 2014, o equivalente a uma taxa de desemprego de 24,2 por cento, ainda antes da crise da cotação do petróleo que entretanto atingiu o país.

Público:

Os números resultam da análise da Lusa aos dados definitivos do censo da população e da habitação realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE) em 2014, tornados públicos a 23 de Março.

Por desemprego, o levantamento do INE, o primeiro do género desde a independência do país, em 1975, considera a situação das pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que à data do censo (Maio de 2014) não tinha trabalho, estando disponível para o fazer, totalizando 1.739.946 pessoas.

O desemprego afecta sobretudo as mulheres, 24,9 por cento do total, enquanto 23,6 por cento dos homens não têm trabalho, enquanto cerca de 35% dos jovens com idades entre os 20 e os 24 anos não tinham emprego.

Angola enfrenta actualmente uma crise financeira e económica decorrente da quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional, que só em 2015 fez diminuir para metade as receitas petrolíferas do país, com efeitos em toda a economia e a destruição, segundo os sindicatos, de milhares de empregos em sectores como dos petróleos e da construção.

Para o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, o levantamento agora concluído pelo INE deve sobretudo servir para moldar os investimentos públicos futuros e evitar os erros do passado.

"Nós conhecemos áreas em que se fizeram escolas onde já não havia população e onde havia população não se fizeram a escolas, porque estávamos a seguir dados do tempo colonial ou da percepção de cada um", apontou Severino, admitindo que os resultados do censo vão permitir "fazer correcções" nos investimentos públicos, rentabilizando-os e "evitando distorções" pelo país.

Os dados do censo indicam que mais de 44 por cento da população activa do país trabalha nas áreas da agricultura, pesca e florestas e apenas 1,8 por cento na indústria.

Nas províncias diamantíferas da Lunda Sul e Lunda Norte - que garantem mais de mil milhões de euros na extracção anual de diamantes - a taxa de desemprego é de respectivamente 43 e 39 por cento, as mais altas de todo o país.

Já as províncias de Benguela e Cuanza Sul, essencialmente áreas de pesca e agricultura, apresentam as taxas de desemprego mais reduzidas de Angola, de 14 por cento da população activa.

O censo identificou ainda um elevado índice de rejuvenescimento da população activa, já que em 2014 para cada 100 pessoas que saíam do mercado de trabalho (55-64 anos) ficavam disponíveis para começar a trabalhar 457 (20-29 anos).

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