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Comissão de reconciliação dos conflitos armados reúne sem UNITA

A Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas de Conflitos Políticos (Civicop) disse que não foi ainda formalmente notificada da retirada da UNITA do órgão, do qual não participaram esta Terça-feira os representantes daquele partido.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

Segundo o coordenador da Civicop, Marcy Lopes, que falava na abertura da primeira reunião deste ano, em 2023, "por razões várias", a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, fez uma comunicação pública a anunciar a saída da comissão.

"Nós não fomos formalmente notificados desta retirada, entretanto os membros deste partido que integram esta comissão foram contactados, notificados e convidados para esta reunião, mas submeteram-nos uma carta informando que se retiraram da comissão e por esta razão não estarão aqui presentes", disse Marcy Lopes, o também ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Segundo Marcy Lopes, estas matérias são tratadas com procedimentos administrativos: "A sua retirada deve obedecer ao mesmo procedimento, que é uma informação formal à comissão e a mesma ser remetida à apreciação dos mesmos, dando nota de que não pretendem fazer parte da comissão".

O coordenador da Civicop frisou que esta situação não impede a comissão de continuar os seus trabalhos, "pelo contrário, as pessoas, organizações, que entenderem retirar-se da comissão, eventualmente poderão regressar".

"O lema desta comissão é abraçar e perdoar e nós temos que abraçarmo-nos e perdoarmo-nos a todos e assim não temos portas fechadas a ninguém. Independentemente de qualquer situação nós estamos abertos a continuar o nosso trabalho, devemos fazê-lo em nome e benefício do Estado, em nome e benefício da nação e em nome e benefício das pessoas que por força destes conflitos perderam os seus entes queridos", salientou.

O governante realçou também que o mandato da comissão é de "garantir que todas as situações possíveis de mitigar o sofrimento, encontrando as ossadas e o seu retorno às famílias seja efectivamente realizado, (...) porque deste modo estará a vencer a nação, o país, o processo de reconciliação e de unidade nacional".

A UNITA anunciou em Dezembro que decidia abandonar a Civicop por esta "desvirtuar" a sua missão e se ter transformado num "destilador de ódio", responsabilizando o Presidente, João Lourenço.

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse que o partido tinha decidido declinar a sua participação na Civicop, porque o organismo permanece "refém dos interesses espúrios do regime".

Adalberto Costa Júnior frisou que a situação tem sido constatada pelo partido "em diversos eventos e situações ocorridos ultimamente, não servindo, assim, para os fins que presidiram à sua criação: os de reconciliação nacional e da pacificação dos espíritos em Angola".

Em conferência de imprensa, o líder da UNITA argumentou a decisão de retirada, alegando que "nos últimos dias, o povo angolano voltou a assistir a uma incessante operação de busca e profanação de sepulturas em territórios que estiveram sob administração da UNITA no tempo da guerra civil, fora dos marcos e regras que devem reger o funcionamento da Civicop".

Um dos factos, aludiu na altura Adalberto Costa Júnior, foram as reportagens exibidas pela Televisão Pública de Angola (TPA), que mostrava imagens da Jamba, antigo bastião da UNITA no período do conflito armado, onde técnicos da Civicop faziam escavações em busca de ossadas das vítimas, alegadamente de Jonas Savimbi, líder fundador do partido, aí sepultadas.

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