Durante o anúncio, em Luanda, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Augusto Oliveira, lembrou que Angola tem ainda muitas zonas sem qualquer cobertura de telecomunicações, sublinhando que se abre agora a possibilidade dos operadores nacionais, e não só, fornecerem serviços de telecomunicações fiáveis no país, continente e na parte sul da Europa.
A estratégia estará focada em "preços competitivos" para incrementar o negócio em zonas desconectadas, "contribuindo para a diminuição da info-exclusão em Angola e no continente", realçou.
O Angosat-2, lançado em órbita em Outubro do ano passado, tem diferentes especificações de banda (C, KU e KA) com zonas de cobertura distintas: África e Europa, África Austral e parte da África Central e Oriental e Luanda.
Com esta iniciativa, os operadores nacionais terão "um meio de comunicação via satélite, permitindo deste modo que os mesmos deixem de pagar o aluguer de capacidade a satélites estrangeiros" e também aumentar a penetração dos serviços de telecomunicações no país.
Permitirá também que as operadoras nacionais de telecomunicações e o governo possam beneficiar de largura de banda com custos baseados em moeda nacional, gerindo melhor os seus investimentos, acrescentou o ministro.
Mário Augusto Oliveira sublinhou também que se abrem portas para que o sector nacional de telecomunicações proporcione serviços em todo o continente africano e parte sul da Europa, representando também uma oportunidade para empreendedorismo neste sector e criação de emprego.
"Principalmente para os mais jovens, em áreas ligadas à tecnologia espacial, como por exemplo, manutenção e instalação de sistemas V-Sat e desenvolvimento de indústria de 'software'", prosseguiu.
"No contexto africano, os investimentos em telecomunicação são requisitos fundamentais para o crescimento económico e a conectividade via satélite tem sido usada como factor de apoio ao desenvolvimento socioeconómico", destacou também.
No mês passado, foi publicado o decreto presidencial que autoriza a exploração comercial do satélite e cujas receitas deverão reverter 40 por cento a favor do Tesouro Nacional e 50 por cento a favor do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional.
Os restantes 10 por cento das receitas provenientes da exploração do Angosat-2 deverão reverter a favor do Fundo de Apoio Social dos Trabalhadores das Comunicações.
O titular do poder executivo autorizou a exploração comercial do Angosat-2, enquanto decorre o processo de criação das condições para a atribuição da sua gestão e exploração a um ente público.
O despacho salienta que o Angosat-2 foi lançado com sucesso e encontra-se na sua posição orbital, enviando sinais do seu pleno funcionamento à estação de controlo, constituindo um marco importante para o Programa Espacial Angolano.
O primeiro satélite nacional de Angola, o Angosat-1, foi lançado por um foguete russo do cosmódromo de Baikonur, em Dezembro de 2017, mas a Rússia anunciou que perdeu o controlo assim que foi colocado em órbita.
Especialistas russos conseguiram restabelecer contacto alguns dias depois, antes de perdê-lo definitivamente no espaço.
Sob um acordo com Angola, a Rússia construiu outro satélite, o Angosat-2, para substituir o engenho perdido.
Construído na sequência de um acordo assinado entre Angola e a Rússia, em 2009, o Angosat-1 custou 360 milhões de dólares ao Estado angolano, mas tinha um seguro de 121 milhões de dólares, que, em caso de acidente ou desaparecimento, cobriria a totalidade dos custos da sua substituição, segundo a agência noticiosa angolana Angop.
O Angosat-2 começou a ser construído a 28 de Abril de 2018, nas instalações da Airbus em França, e a estrutura foi depois transferida para a fábrica da ISS Reshetnev, na cidade de Zheleznogorsk, próximo de Krasnoyarsk (Sibéria).