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TAAG remete privatização para 2023 ou 2024

A privatização da companhia aérea TAAG não deverá acontecer antes de 2023 ou 2024, face aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia mundial e a aviação, admitiu esta Segunda-feira o presidente executivo da transportadora.

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"Lamentavelmente continuamos em pandemia o que afectou muitos países, sobretudo na Europa e América do Sul, e não sabemos quando vai acabar", afirmou Eduardo Farien Soria em Luanda, numa conferência de imprensa, durante a qual o novo conselho de administração fez um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente da TAAG, que têm tido como foco a contenção de custos, liquidez e antecipação da procura.

Segundo o responsável, a variante do coronavírus Ómicron obrigou a rever novamente os planos das empresas.

"Estamos num cenário muito instável e uma privatização neste cenário não parece a melhor decisão", continuou, dizendo que a empresa está a aproveitar para "ir crescendo e fazer poupanças", pelo que só em finais de 2023 ou 2024 deverá estar em condições para ser vendida ou encontrar novos parceiros.

"As empresas valem o que estamos dispostos a pagar por elas. O valor da TAAG é claramente superior ao valor que tinha quando chegámos, mas ainda estamos longe de entrar num processo de privatização ou parceria", considerou.

O objectivo da equipa de gestão é "vestir muito bem a noiva" e deixar a companhia preparada para quando chegar o momento de fazer avaliações.

"Agora não é um bom momento para encontrar um investidor porque muitas companhias aéreas estão com muitos problemas, possivelmente em 24 meses teremos um cenário global, e não só em Angola, algo diferente. Agora é um exercício de pura sobrevivência a nível global", complementou Eduardo Soria.

O presidente executivo da TAAG abordou também o tema da renegociação das dívidas e dos contratos, afirmando que se pode conseguir poupanças significativas, se for feito com tempo e transparência.

A empresa tem conseguido poupar cerca de 20 por cento tanto nos novos contratos como na renegociação de dívidas anteriores, gerando "poupanças significativas", o que permitirá "criar uma base de custo da operação que permita competir com outras companhias, umas que estão aqui [Angola] a operar e outras que vão vir por que a TAAG tem de competir no mercado internacional", comentou.

A presidente do conselho de administração da empresa, Ana Francisco Major, salientou no balanço dos 100 dias que a actual equipa recebeu a TAAG "com uma fragilidade agravada pela pandemia", tendo posto em prática várias mudanças operacionais para assegurar a sobrevivência da companhia, e destacando alguns resultados alcançados, nomeadamente a nível de tesouraria que passou de seis para 180 dias de caixa.

Também no campo das melhorias apontou o facto de se ter passado a concentrar numa só área as compras que antes estavam deslocalizadas, prosseguindo-se o diagnóstico da empresa para travar o sangramento de recursos financeiros, já que a equipa continua a encontrar todos os dias "algumas surpresas".

Dentro do processo de restruturação de que a TAAG está a ser alvo, cabem também as relações de trabalho e a busca de recursos próprios para que a transportadora não dependa apenas do suporte do Estado, acrescentou.

Questionado sobre o valor da dívida, o antigo presidente executivo e agora administrador não executivo Rui Carreira adiantou que esta se situava em 1,2 mil milhões de dólares e que foi possível ressarcir parte da dívida com fornecedores ligados ao Estado graças ao reforço de 700 milhões de dólares injectado pelo Estado angolano, que permitiu também à TAAG ficar com capitais próprios positivos.

Quanto à dívida com fornecedores estrangeiros, rondava os 250 milhões de dólares, mantendo-se ainda próxima deste valor.

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