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Restos mortais de Salupeto Pena e de Adolosi Mango Alicerces enterrados 30 anos após as suas mortes

As ossadas de Elias Salupeto Pena e de Adolosi Mango Alicerces, ex-dirigentes das UNITA, mortos há 30 anos, foram enterradas este fim-de-semana na comuna de Lopitanga, província do Bié, e no município do Bailundo, província do Huambo, respectivamente.

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As ossadas de Elias Salupeto Pena foram enterradas no Sábado, em Lopitanga, após um "pedido de autorização" ao líder fundador do partido Jonas Savimbi.

Elias Salupeto Pena, ex-chefe da delegação da UNITA na Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM), morreu em Dezembro de 1992, em Luanda, na sequência do conflito pós-eleitoral, tendo as suas ossadas sido entregues pelo Governo em Novembro de 2021.

No Sábado, os seus restos mortais foram enterrados no cemitério da Lopitanga, no município do Andulo, província do Bié, onde jazem igualmente os restos de Jonas Savimbi, seu tio e líder fundador da UNITA, bem como de outros tios, primos e demais familiares.

Após a chuva na madrugada de Sábado em Andulo, onde na Sexta-feira aconteceram as cerimónias fúnebres, a urna partiu em cortejo, pelas 09h30 locais, em direcção ao cemitério, num percurso de 30 quilómetros cuja metade foi feita em terreno acidentado e enlameado.

A comuna de Lopitanga, que ganhou visibilidade nacional e internacional por ter sido o local onde Jonas Savimbi foi a enterrar, em Junho de 2019, voltou este Sábado a ter a atenção de várias pessoas e de centenas de militantes da UNITA.

No cemitério, o túmulo de Jonas Savimbi, que se encontra num espaço circunscrito, confunde-se com um santuário e tem a limpeza e a segurança garantidos por militantes da UNITA naquela região.

De acordo com os rituais locais, era necessário fazer-se um pedido de autorização a Jonas Savimbi para o enterro de Elias Salupeto Pena, seu sobrinho, o que foi feito assim que a urna chegou à entrada da sepultura do líder fundador da UNITA.

A urna com as ossadas do ex-dirigente político da UNITA foi colocada ao lado do túmulo de Savimbi para a "necessária saudação ao tio e pedido de autorização" deste para o seu sepultamento.

O "pedido de autorização" foi feito pelo "mais velho Nunes", um ancião local, que na presença de filhos, familiares e amigos de Salupeto Pena, de militantes, dirigentes da UNITA e demais convidados fê-lo na língua local "umbundu".

"Há 30 anos, as ossadas estavam distantes de ti. Como sempre viemos pedir autorização para levarmos ali à baixa onde estão os avós e outros familiares", disse o "mais velho Nunes", como traduziu à Lusa um dos militantes da UNITA.

O ritual foi considerado pelos presentes como "normal e obrigatório" em "respeito à memória dos velhos já falecidos".

As ossadas do ex-chefe da delegação da UNITA na CCPM apenas desceram à sepultura após a leitura de mensagens e elogios fúnebres, cerimónia religiosa e intervenção de seu irmão, Esteves Isaac Pena "General Kami", que se manifestou regozijado pelo momento.

Já os restos mortais de Adolosi Mango Alicerces, ex-secretário-geral da UNITA, morto em 1992, em Luanda, após o conflito pós-eleitoral, foram enterrados na Sexta-feira no município do Bailundo, província do Huambo.

Homenagens iniciais ao malogrado tiveram lugar na sede do comité municipal da UNITA no Bailundo, sul do país, sendo que a cerimónia fúnebre decorreu no Clube Recreativo Bailundo, com cânticos, mensagens e elogios fúnebres.

"Nome de Mango Alicerces está escrito com letras garrafais como um dos grandes homens da nossa história, um dos melhores filhos de Angola (...). Fostes exemplo de heroísmo, de patriotismo, de trabalho com afinco e de determinação", afirmou na Sexta-feira a secretária provincial da UNITA no Huambo, Albertina Ngolo.

Antes de descer à sepultura, as ossadas do ex-dirigente da UNITA foram veladas na Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA), Missão Chilume, na presença dos filhos, familiares, amigos e companheiros do partido.

Os seus restos mortais foram sepultados no Cemitério da Missão do Chilume, em meio de dor, lágrimas e comoção dos presentes.

"É um momento de reflexão, de memórias, momento difícil, não só para a família, mas também para o partido, estamos aqui para velar a memória de um parente nosso, mas sobretudo um patriota que partiu num momento em que havia esperança para a construção de um país melhor", disse, na ocasião o político e primo do malogrado, Alcides Sakala.

O ex-presidente da UNITA, Isaías Samakuva, também marcou presença nesta cerimónia fúnebre e considerou que o enterro de Adolosi Mango Alicerces constitui um "imperativo necessário e humano", tendo igualmente enaltecido as qualidades do ex-dirigente político.

Alicerces Paulo Bartolomeu "Ali Mango", filho de Adolosi Mango Alicerces, exteriorizou sentimento de satisfação após a urna descer à sepultura, recordando que este momento era aguardado pelos familiares há 30 anos.

"Satisfação porque o pai vai ficar em paz, ao lado dos seus, nós também vamos ficar descansados porque aquela ansiedade de saber onde está agora fica acautelada porque finalmente conseguimos render a singela homenagem ao pai, cidadão, patriota que morreu com 39 anos", disse.

O Governo de Angola entregou os restos mortais de Elias Salupeto Pena e de Adolosi Mango Alicerces, ex-secretário-geral da UNITA, em Novembro de 2021, através da Comissão Interministerial para a Memória das Vítimas dos Conflitos Armados em Angola, criada pelo Presidente, João Lourenço.

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