Ver Angola

Desporto

Seleccionador português Marcos Antunes quer ajudar a desenvolver futsal em Angola

O treinador português Marcos Antunes assumiu recentemente o comando da selecção angolana de futsal e, em entrevista à agência Lusa, confessou ter como objectivo ajudar a desenvolver a modalidade no país.

:

O técnico já fazia parte da estrutura da Federação Angolana de Futsal (FAFUSA), integrando a comitiva da selecção nacional que se estreou num Mundial, na Lituânia, em Setembro de 2021, mas no início deste ano aceitou o desafio para ocupar o cargo de seleccionador nacional, substituindo o angolano Rui Sampaio.

"Os meus pais e avós são angolanos e a cultura está bem enraizada nas minhas origens", começou por explicar o técnico à Lusa, garantindo que a presença no Mundial como 'team manager' e a possibilidade de se tornar seleccionador aos 45 anos pesaram na decisão.

"Percebi que poderia contribuir para o desenvolvimento da modalidade", atira, sem revelar os termos do vínculo.

Actualmente, o seleccionador trabalha remotamente, devido à pandemia de covid-19, aguardando também por indicações sobre as datas das competições para viajar para o país, mas garante que vai aproveitar os próximos tempos para criar planos, estratégias e ouvir a comunidade angolana associada à modalidade.

O técnico deverá estrear-se como seleccionador em competições oficiais em Maio, na Taça COSAFA (Conselho das Associações de Futebol da África Austral), que vai ser disputada em Moçambique, seguindo-se os jogos de apuramento para a Taça das Nações Africanas de 2024 (CAN2024), na qual os três melhores classificados garantem uma vaga no Mundial desse ano.

É esse, reconhece, "o grande objectivo" da selecção angolana. Mas para o conseguir, há um trajecto que tem de ser delineado.

Marcos Antunes elenca a "excentricidade" e o "improviso" como características inerentes ao jogador angolano, "que vem do bairro e da rua".

"Isso é extraordinário no futsal moderno, onde começam a desaparecer estes 'malabaristas'", nota, considerando, contudo, que a essas características é preciso acrescentar o conhecimento sobre os princípios de jogo, de forma a aperfeiçoar a parte tática e, consequentemente, a organização da equipa dentro da quadra.

"É essencial criar o perfil de futuro do jogador angolano, no masculino e feminino", afirma, enaltecendo a importância que os atletas, clubes, associações nas províncias e a federação representam para qualquer selecção.

Relativamente à base de recrutamento, diz, é a capital Luanda, onde "há mais recursos para trazer esse talento", mas o também técnico de formação sublinha que todos vão beneficiar das mesmas oportunidades, até que se torne possível "apostar fortemente no jogador que compete em Angola".

"São precisas mais provas e levar a competição até aos escalões de formação", sustenta, sublinhando a necessidade de "potenciar ao máximo todas as províncias e depois, então, captar os mais talentosos, colocando os jogadores, se possível, em contacto com outras realidades".

Dos 16 jogadores convocados para o Mundial de 2021, recorda, quatro jogavam fora do país.

Todavia, o futsal é uma modalidade a dar os primeiros "grandes passos" em Angola e numa primeira fase, comenta, é fundamental criar condições para um crescimento sustentável. Desde logo, criando igualdade de oportunidades para todos e garantindo material de treino.

"Faltam bolas, material de treino, formação acreditada para treinadores e dirigentes", sublinha, acrescentando a necessidade de mais competições para os escalões de formação e novos "modelos de inscrição de jogadores, filiação de clubes e legalização de alguns processos", uma vez que "sem colocar bolas nos recintos de treino não haverá futsal".

Mas apenas isso não basta. "É também preciso formar treinadores, dirigentes e delegados, trazendo novas dinâmicas, novas ideias e, sobretudo, condições para que possam treinar e jogar", salienta o técnico português, destacando a importância de "incutir nas novas gerações o espírito académico" e a formação pessoal.

Já em Portugal, o técnico, com vários títulos distritais nos escalões de formação, continua a exercer a função de coordenador técnico da escola de futsal "Os Afonsinhos", em São Martinho de Mouros, em Resende, projecto que lhe valeu o galardão "Quinas de Ouro" da Federação Portuguesa de Futebol, em 2018.

O clube, fundado em 2010 e que há dois anos firmou uma parceria com o clube espanhol Inter Movistar, conta com 80 atletas entre os escalões de infantis e juniores, conciliando o mérito desportivo com o mérito escolar. "Só joga quem cumpre as regras na escola. Primeiro, estão os valores e só depois vem o futsal", assevera.

"Dos 14 jogadores que começaram a representar o clube em 2011, no escalão de infantis, 12 são hoje licenciados, prosseguindo posteriormente para mestrados, e os outros dois optaram por cursos profissionais", enaltece Marcos Antunes, que agora terá de conciliar o projecto pessoal com a missão de ajudar a desenvolver a modalidade em Angola.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.