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IURD interpõe medida cautelar para travar assembleia-geral de reformistas

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) interpôs uma medida cautelar para travar a assembleia-geral da Comissão de Reforma marcada para 13 de Fevereiro e reafirmou, num comunicado, a ilegitimidade da mesma.

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Em declarações à Lusa, o bispo Alberto Segunda adiantou que a IURD tem estado a tomar acções judiciais, nomeadamente uma providência cautelar, relativamente à qual não houve ainda decisão.

Num comunicado publicado no Jornal de Angola, a IURD esclarece o público, em geral, e os seus fiéis, sobre a liderança da igreja originariamente criada no Brasil, afirmando que esta é representada no país africano pelo angolano António Miguel Ferraz, na qualidade de vice-presidente do conselho de direcção.

Após meses de conflitos e convulsões internas, a IURD cindiu-se, tendo a ala dissidente (angolana) criado uma Comissão de Reforma, em divergência com a direcção brasileira.

O Instituto Nacional para Assuntos Religiosos (INAR), instituição afecta ao Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, reconheceu a liderança do bispo dissidente, Valente Bezerra Luís com base numa acta aprovada numa assembleia-geral extraordinária, em 24 de Junho, confirmando a sua legitimidade para representar a igreja em organismos estatais, associações civis, públicas e privadas.

No entanto, a IURD reafirma, no comunicado, que "nenhum dos indivíduos que integram a auto-intitulada 'Comissão de Reforma da IURD' é membro da IURD ou é titular dos seus órgãos sociais, pelo que não têm quaisquer poderes de representação da mesma" e não estão legitimados a convocar a assembleia-geral da IURD.

"O objectivo deste comunicado é mostrar à sociedade em geral que os reformistas não têm legitimidade para marcar nenhuma assembleia, pelo que fazendo esta assembleia estão a violar os princípios da própria IURD", adiantou Alberto Segunda.

O bispo acrescentou que a IURD irá fazer, nesse dia, uma "assembleia solene" com o propósito de orar pelos problemas do país.

No comunicado, a IURD sublinha que "é uma confissão religiosa de âmbito mundial que não se confunde e que nada tem a ver com os membros" da auto-intitulada "Comissão de Reforma da IURD" e diz que Valente Bizerra Luís "foi desligado da IURD em 2019 por desvio de conduta".

Afirma igualmente que "continuará a adoptar todas as medidas necessárias para pôr cobro à actuação ilícita" da Comissão de Reforma "na convicção de que as autoridades administrativas e judiciais da República de Angola não deixarão de fazer respeitar a Lei e a Constituição".

Em 31 de Janeiro, milhares de fiéis da IURD desfilaram em Luanda, reivindicando a abertura dos templos e defendendo a união da igreja.

A Procuradoria-Geral da República apreendeu e mandou encerrar, no ano passado, as catedrais da IURD em várias províncias pela alegada prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais e outros ilícitos de natureza análoga, na sequência da disputa entre os dissidentes da ala angolana e os pastores brasileiros da igreja fundada por Edir Macedo.

A IURD considerou, entretanto que as apreensões são ilegais e um atentado à liberdade religiosa.

A ala angolana afirmou que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola, encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel a Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a exigência da vasectomia, castração química, práticas de racismo, discriminação social, abuso de autoridade, além da evasão de divisas para o exterior do país.

As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusou os dissidentes de "ataques xenófobos" e agressões a pastores e intentou também processos judiciais contra os ex-membros.

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