Por causa da pandemia de covid-19, cuja segunda vaga está a afectar muito mais duramente o continente africano, os representantes dos 55 Estados-membros da organização não viajarão a 6 e 7 de Fevereiro para Adis Abeba, Etiópia, onde se localiza a sede da União Africana.
A cimeira decorrerá 'online' e a agenda irá concentrar-se na "herança cultural africana" e abordar a resposta da organização à pandemia de covid-19, que já causou mais de 93 mil mortos e mais de 3,6 milhões de infecções registadas no continente.
De fora do programa, devido aos constrangimentos relacionados com o formato da cimeira, deverão ficar este ano as questões de paz e segurança, que habitualmente ocupam grande parte da agenda das cimeiras anuais da organização.
Além da passagem da presidência rotativa da União Africana da África do Sul para a República Democrática do Congo (RDCongo), todas as atenções deverão estar centradas na eleição dos novos presidente e vice-presidente da Comissão da União Africana, o principal órgão executivo da organização.
A presidência da Comissão é disputada apenas pelo chadiano Moussa Faki Mahamat, que procura uma reeleição que não está garantida, uma vez que terá de conseguir a aprovação de dois terços dos países.
Eleito há quatro anos, Moussa Faki assegura ter o apoio dos países francófonos e, entre os lusófonos, pelo menos Cabo Verde já lhe declarou publicamente o seu voto.
No entanto, os países da África Austral têm um entendimento crítico da prestação do actual presidente da comissão, que caso não obtenha os apoios necessários permitirá à UA abrir o lugar a outros candidatos.
Moussa Faki e a sua equipa ficarão então interinamente à frente da organização até uma próxima cimeira electiva que deverá ocorrer dentro de seis meses.
O actual presidente da Comissão oficializou há pouco mais de duas semanas a sua recandidatura e tem vindo a fazer campanha diplomática junto dos Estados-membros, tendo-se deslocado a vários países, incluindo Cabo Verde ou a Serra Leoa.
A União Africana foi criada a 11 de Julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade Africana (OUA), fundada a 25 de maio de 1963, e reúne actualmente 55 estados-membros, incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
A presidência da organização é rotativa entre países pelo período de um ano e a gestão executiva é assegurada por uma comissão constituída por um presidente, um vice-presidente e oito comissários, eleita para mandatos de quatro anos.
Os chefes de Estado e de Governo dos 55 Estados-membros reúne-se anualmente em assembleia na sede da organização, em Adis Abeba, na Etiópia.