Ver Angola

Banca e Seguros

Fitch Solutions: crescimento do crédito deverá abrandar gradualmente

A consultora Fitch Solutions previu que o crescimento dos empréstimos bancários em Angola abrande de 28,4 por cento em 2019 para 9,8 por cento este ano e 8,4 por cento em 2021 devido à depreciação do kwanza.

:

"Depois de a depreciação da moeda angolana ter aumentado o valor dos empréstimos em moeda estrangeira ao longo de 2019, acreditamos que uma depreciação mais moderada nos próximos trimestres fará com que o crescimento do crédito abrande gradualmente neste e no próximo ano", lê-se na previsão dos analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.

No comentário, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions diz também esperar que "uma combinação da fraca qualidade dos activos com um elevado endividamento governamental vá agir como um obstáculo aos empréstimos ao sector privado a curto prazo".

Na nota, os analistas lembram que o crescimento dos empréstimos ao sector privado ficou nos 21,2 por cento em Dezembro de 2019 face ao mesmo mês do ano anterior, acima da média de 12,5 por cento registada no total de 2019, mas apontam que "muito deste crescimento se deveu à depreciação do kwanza em mais de 33,5 por cento como parte da transição levada a cabo pelo Banco Nacional de Angola para uma taxa de câmbio determinada pelo mercado, o que deverá abrandar neste e no próximo ano".

Os empréstimos em moeda estrangeira valem quase 25 por cento do total dos empréstimos contraídos entre 2014 e 2019, salienta a Fitch Solutions, que aponta que a fraca qualidade dos activos também vai limitar a 'vontade' dos bancos em facilitar empréstimos no curto prazo.

"Os preços baixos do petróleo e a decrescente produção interna mantiveram Angola em recessão entre 2016 e 2019, com a contração económica e o aumento do desemprego a reduzirem a capacidade dos clientes cumprirem as suas obrigações financeiras", o que fez com que o crédito malparado tivesse ficado nos 34,6 por cento em Setembro do ano passado, bem acima da média de 19,2% registada desde 2014, "o que reflete um ambiente bancário mais arriscado".

No comentário sobre o sector, a Fitch Solutions alerta ainda que "dada a previsão de recessão de 0,3 por cento este ano e uma curta expansão de 1,8 por cento em 2021, a qualidade dos ativos a curto prazo deve continuar baixa quando comparada com os anos anteriores", pelo que, concluem, "os bancos deverão continuar cautelosos na oferta de empréstimos, o que contribui ainda mais para uma moderação do crescimento do crédito" aos particulares e às empresas.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.