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Cinco partidos da coligação CASA-CE deliberam exoneração de Abel Chivukuvuku

Cinco dos seis partidos que integram a Coligação Ampla de Salvação Nacional - Coligação Eleitoral (CASA - CE) deliberaram esta Terça-feira a exoneração do líder Abel Chivikuvuku, tendo nomeado em substituição André Mendes de Carvalho "Miau".

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A decisão foi anunciada numa conferência de imprensa conjunta de cinco dos seis partidos e movimentos da CASA-CE depois de ter sido dado um prazo de 72 horas para que Chivukuvuku apresentasse a demissão.

Na conferência de imprensa participaram representantes do Partido para o Desenvolvimento e Democracia de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), Partido Pacífico Angolano (PPA) e Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA), tendo estado ausente o Bloco Democrático.

"Nós, partidos políticos, enquanto entes jurídicos constituintes da CASA-CE, deliberamos a demissão do Doutor Abel Epalanga Chivukuvuku do cargo de presidente da CASA-CE, com efeito imediato, por quebra de confiança. Em sua substituição, é indicado o companheiro André Mendes de Carvalho ‘Miau'", referiu o o líder do PADDA-AP, Alexandre Sebastião André, salientando que a decisão tomada foi "profundamente reflectida".

Segundo o dirigente, a coligação, criada em 2012 e liderada por Abel Chivukuvuku durante seis anos, vivenciou momentos altos e baixos, tendo as divergências começado um ano depois, "ainda de forma latente", com a tentativa de transformação em partido "à margem da vontade soberana" da força política.

Segundo Sebastião André, foi há mais de um ano que se instalou na coligação, entre a maioria esmagadora dos partidos, membros da CASA-CE e o presidente, "uma profunda crise de confiança", por, entre outras razões, Abel Chivukuvuku "promover e/ou caucionar práticas que lesam a unidade no seio da organização".

"Foi a tentativa falhada de criar, de forma pouco transparente e ilegal, no seio da CASA-CE, e às custas desta, partidos políticos não autorizados pelos membros da coligação. Outro exemplo grave, e mais recuado no tempo, teve a ver com a sua tentativa de querer obrigar os partidos políticos da coligação a fundirem-se contra a vontade destes", referiu.

A crise evidenciou-se também, de acordo com o dirigente e deputado à Assembleia Nacional, no facto de "um número significativo dos denominados independentes" ter promovido e executado actos e omissões, visando inviabilizar e implodir a CASA-CE, sem que da parte do presidente da coligação "houvesse a tomada de medidas oportunas e pertinentes para o evitar e combater".

"Pelo contrário, sentimos que [Chivukuvuku] estimula e apoia essas pessoas e suas práticas", denunciou.

Para as cinco organizações políticas integrantes da coligação, os últimos discursos de Chivukuvuku fazem deduzir "que já não se responsabiliza pelo futuro da CASA-CE, pelo desempenho desta organização, nas eleições autárquicas, em 2020, e gerais, em 2022, apesar de ser o coordenador geral, tendo passado essa responsabilidade aos entes jurídicos da coligação e outras personalidades independentes que aceitaram o desafio de atingir os objectivos".

Relativamente aos independentes da coligação, ou seja, os militantes que não pertencem a nenhum dos partidos que integram a CASA-CE, Sebastião André disse que em momento algum os partidos políticos decidiram afastá-los.

Sebastião André referiu que a crise foi sendo gerida ao longo destes anos através de uma "harmonização e longevidade da coligação", frisando, porém, que "há momentos que o ser humano cede e explode".

"Fomos chamando a atenção do presidente Abel de que estava muito animado, havia muito excesso de ânimo, ninguém é super-homem numa sociedade. Tem de coabitar harmoniosamente dentro dos parâmetros, manter o civismo, a disciplina e a racionalidade política. Ou então dá nisto que hoje, infelizmente, teve de acontecer", disse.

Segundo Sebastião André, desde Outubro de 2008 que têm sido enviadas várias cartas a Abel Chivukuvuku, em que os partidos políticos elaboraram memorandos para o presidente e procurando "fórmulas para minimizar esta supremacia em relação aos partidos políticos e aos líderes".

"Mas tudo isso caiu em saco roto", referiu.

Sobre a ausência do Bloco Democrático na conferência, Sebastião André disse que se deveu ao facto de o seu líder, Justino Pinto de Andrade, estar no exterior e à falta de orientação ao seu substituto, optando por "não fazer parte dessa dinâmica".

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