Isso mesmo constatou a Lusa numa ronda por Luanda, após José Eduardo dos Santos, também presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ter anunciado o nome do general João Lourenço como cabeça-de-lista do partido às eleições gerais de Agosto próximo.
"O que nós queremos é melhoria e bem-estar da população, fundamentalmente na educação e saúde, tendo em conta a actual situação difícil que o país vive. Pelo tempo que já esteve no poder a substituição é bem-vinda, com ou sem João Lourenço o povo precisa de estabilidade", explicou o funcionário público, João Alexandre, de 46 anos.
Eduardo Kwanzi, estudante universitário de 22 anos, considera que esta é a mudança "há muito que era esperada", pelo que augura que João Lourenço seja uma "pessoa capaz" de assumir as responsabilidades do país.
"É bom que ele trabalhe em espírito de equipa, para mim não o vejo como um mau candidato mas sim uma ocasião para mostrar a sua competência uma vez que não é fácil suceder alguém que durante muito tempo trabalhou na liderança do país", disse.
O nome do general João Gonçalves Manuel Lourenço, actual ministro da Defesa Nacional e vice-presidente do MPLA, foi anunciado como candidato do partido nestas eleições por José Eduardo dos Santos, que assim não se recandidata ao cargo.
"Esta notícia mexeu o país, mas como tudo tem um princípio e tem um fim, acredito que o Presidente sabe o porquê dessa retirada e esperamos que o novo Presidente faça o melhor e preencha as lacunas que temos no país, porque não tem sido fácil encarar a situação do nosso país", sublinhou a gestora de recursos humanos Irina Faustina, de 29 anos.
Após meses de especulação em torno da transição do poder em Angola, e numa decisão que foi tomada a 2 de Dezembro, em reunião do Comité Central, e só agora tornada pública, a notícia veio confirmar aquilo que já quase todos esperavam.
"A notícia é boa, espero que haja melhorias, João Lourenço deve trabalhar para a redução do desemprego fundamentalmente no seio da juventude", apontou o electricista Dumilde Gonçalves Manuel, de 25 anos, sem esconder a satisfação.
Tal como o contabilista Atair Daniel, que em 35 anos de vida nunca conheceu outro Presidente em Angola. Espera agora que o candidato João Lourenço consiga "valorizar" a confiança que lhe foi depositada.
"Ele deve mostrar ter competência suficiente e argumentos para gerir o país e a população. Toda notícia satisfaz uns e outros, para mim esta notícia é satisfatória, argumentou o contabilista.
"Alguma coisa mudou [nos últimos 38 anos], não vamos dizer o contrário, mas o mais-velho [José Eduardo dos Santos] está cansado e precisa de deixar o lugar para outras pessoas que também têm competência", desabafou.
