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Hélder Coelho: “Para o futuro desejo ver o desenvolvimento do desporto motorizado em Angola”

Nascido e criado em Luanda, foi no antigo mercado Roque Santeiro onde deu as primeiras voltas numa mota. Prefere as corridas fora do país, pois as competições no estrangeiro, em relação à segurança, “não têm comparação possível”. Com cinco vitórias nos campeonatos nacionais de velocidade, entre várias outras subidas a pódios na bagagem, Hélder Coelho, mais conhecido por Vuty, sonha com uma escola de condução para motociclistas em Angola, projecto que considera como o mais importante da sua carreira. Aos 40 anos, o piloto pretende continuar a contribuir para o desenvolvimento do desporto motorizado no país, e acredita que a próxima geração irá trazer mais qualidade para as provas de duas rodas.

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Em primeiro lugar fale-me um pouco sobre si… Que idade tem, onde nasceu e cresceu, como foi a sua infância…

Nasci em Setembro de 1976, em Luanda, de onde nunca saí. Nas férias parte da minha infância foi no campo, na fazenda, ao lado do meu pai, onde com apenas nove anos de idade comecei a conduzir um tractor agrícola, e depois um Land Rover 90 de 1970.

Como nasceu a paixão pelo motociclismo?

Tudo começou por ver sempre um antigo craque e veterano de motas, Vadinho Queimado, no bairro onde nasci e cresci, Sagrada Família. As primeiras voltas foram dadas no antigo mercado Roque Santeiro, onde se pagava por minutos ou à hora para poder andar de mota.

Quando foi a primeira corrida? E o primeiro triunfo?

A minha primeira corrida de motocross foi no circuito da Gamek, e o meu primeiro triunfo foi na cidade de Benguela, onde participaram todos os grandes nomes do motocross em Angola.

Já sentia que tinha um talento natural nessa altura?

Sim. Depois desta inesperada vitória e no meio de todos aqueles pilotos, daquele dia em diante nunca mais parei, tentando sempre superar os meus limites.

Quem são os seus ídolos e referências?

Em primeiro lugar o meu pai Fernando Coelho, Vadinho Queimado E Valentino Rossi.

Existe um ambiente muito competitivo nas corridas? A rivalidade ultrapassa a própria pista?

Sim em todas elas, mas para mim nunca vão ultrapassar a própria pista.

Qual foi a prova mais difícil? E a melhor corrida de sempre?

A prova mais difícil foi a “Rally 500 Km Porto Alegre”, no autódromo de Luanda, onde dei uma volta de avanço ate ao quarto lugar. A melhor foi na África do Sul, circuito de RedStar, na classe super sport 600cc em 2015.

 Qual o maior susto que apanhou numa corrida até agora?

Foi em Angola na cidade de Cabinda. No final da recta para a meta fiquei sem os travões de frente…

Das dezenas de prémios que ganhou ao logo da sua carreira, qual o que teve mais importância para si?

Quase todos eles tiveram uma importância para mim, mas talvez o mais importante deles todos tenha sido o terceiro lugar em Portimão. Até às duas últimas voltas estava na primeira posição, e por ter sido a primeira vez, naquele circuito, a competir com uma Suzuki, pela Benimoto, na classe 600cc e à chuva!

Passados tantos anos nas pistas, continua a vibrar com a adrenalina da velocidade e da competição?

É verdade, tem sido uma coisa fantástica para mim, conseguir superar os meus próprios limites aos 40 anos de idade.

Fora das pistas tem se dedicado a que projectos?

Fora das pistas trabalho naquilo que mais gosto, motas e a sua técnica. O projecto mais importante da minha carreira é ver construída em Angola uma escola de condução de motas, a todos os níveis.

Das modalidades em que esteve envolvido, em qual é que se sentiu mais realizado?

Com certeza a velocidade, por ter conquistado já cinco campeonatos nacionais da categoria.

Que avaliação faz da qualidade do desporto motorizado no nosso país?

Infelizmente ainda não é a desejada, mas acredito na geração vindoura.

Prefere as competições em Angola ou no estrangeiro? São muito diferentes?

Sem sombra de dúvidas no estrangeiro. São muito diferentes porque a nível de segurança não tem qualquer comparação possível.

Que memórias guarda das experiências que teve em campeonatos internacionais no exterior do país?

Foram experiências únicas, que um dia espero ver implementadas no nosso desporto nacional.

Qual o balanço que faz de toda a sua carreira dentro das pistas? Ainda tem algum objectivo por cumprir?

Faço um balanço muito positivo. Com a situação actual do país ainda consegui participar em cinco campeonatos provinciais e nacionais, nomeadamente de velocidade, supermoto e rallys. Chegar ao fim de todos eles será o objectivo a cumprir.

E relativamente ao futuro, quais são os seus planos?

Os meus planos para o futuro será poder ver o desenvolvimento do desporto motorizado em Angola, e a construção de uma escola de condução para motociclistas, tanto para o desporto como para trabalho, e também para lazer dos apaixonados por duas rodas.

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