"Mesmo antes da queda do preço do petróleo, a meta oficial [do Governo] de 2 milhões de barris por dia em Angola parecia inatingível por causa dos problemas técnicos que afectam os projectos de águas profundas", escrevem os peritos da Agência Internacional da Energia (AIE), no relatório anual sobre o petróleo no médio prazo (Medium-Term Oil Market Report 2016).
De acordo com o relatório, a que a Lusa teve acesso, os analistas assumem que "a forte queda do petróleo atingiu as perspectivas de crescimento em Angola" e consideram que "desde o pico de produção, em 2008, Angola tem tentado inverter a queda na produção".
Os poços estão envelhecidos e "precisam do apoio contínuo de novos e onerosos projectos para inverter os fortes declínios" na produção de petróleo, que antes da queda do preço, iniciada no Verão de 2014, representava mais de 75 por cento das receitas fiscais e a quase totalidade das exportações do país.
"Petróleo proveniente de novos projectos aumentou ligeiramente a produção em 2015 devido aos poços Kizomba, da Exxon, e do Cinguvu, da ENI, mas um crescimento adicional não é esperado durante o período da previsão, uma vez que os preços baixos forçam as companhias a abrandarem ou abandonarem os projectos proibitivamente dispendiosos", lê-se no relatório.
As dificuldades angolanas não são muito diferentes das que são enfrentadas pela Nigéria, o maior produtor de petróleo na África subsaariana, e afectam, de uma forma geral, boa parte dos produtores de petróleo em África.
"No total, as exportações de crude africano para os países da OCDE na Europa devem cair 500 mil barris por dia mas vai continuar a ser o maior mercado africano, representando 2,2 milhões de barris por dia em 2021, ano em que as importações chinesas de petróleos africanos devem aumentar 200 mil barris, para 1,5 milhões por dia, a maior parte dos quais proveniente de Angola", conclui o documento.
Produção de Angola (milhões de barris por dia=
2016.....1,81
2017.....1,77
2018.....1,81
2019.....1,78
2020.....1,76
2021.....1,80
