"É verdade que neste momento estão a verificar-se cheias e que as mesmas têm muitas implicações. Uma delas são as aulas, porque quando as chanas [planícies] estão cheias, as crianças deixam de ir à escola porque não podem atravessar as chanas", disse à Lusa o padre Gaudêncio Félix Yakuleinge.
Além disso, "também quando cai a chuva, as aulas são impossíveis, porque muitas crianças estudam debaixo de árvores", frisou o também responsável da Associação Ame Naame Omunu (ANO), organização local de promoção dos direitos humanos.
Sobre as acções das autoridades locais para inverter a situação, o líder associativo realçou que neste momento a cidade de Ondjiva regista a presença de algumas equipas a "lutar para diminuírem os efeitos das cheias".
"Entretanto, são sempre medidas paliativas que não ajudam de forma definitiva. (...) Estamos à espera que se tomem outras medidas relativamente às escolas, porque quando as crianças estão sem aulas perdem a matéria e daí sabemos as consequências do fim do ano", rematou o responsável da ANO.
A província do Cunene, região sul de Angola, que tem sido assolada nos últimos anos com a seca, registou nos últimos dias fortes chuvas, que concorreram para a inundação das chanas e de vários pontos da circunscrição, inclusive a sua capital, Ondijva.
Após a redução das chuvas, "que não caem há praticamente cinco dias", os populares locais, realçou o sacerdote católico, vivem agora as consequências das cheias, que inundaram várias habitações dos bairros periféricos de Ondjiva.
"Os habitantes são obrigados a deslocarem-se de um sítio para outro, e estas cheias têm, então, essas complicações: por um lado trazem água e por outro trazem então esses desafios que devem ser enfrentados", apontou.
O padre Gaudêncio Félix Yakuleinge deu conta também que o curso da água, já em nível reduzido, continua em trânsito para a vizinha Namíbia, "um processo que acontece sempre em período de inundação".